Uma ponte em Luang Prabang

Luang PrabangO ritmo da natureza dita também o ritmo da vida dos moradores de Luang Prabang, uma pequena cidade no norte do Laos que atrai turistas do mundo todo. É lá que o Rio Nam Khan se encontra com o poderoso Mekong. Há duas estações bem definidas na região: a seca, que vai de novembro a março, e a chuvosa, de abril a outubro. Durante a época das chuvas, as águas do Nam Khan sobem tanto que cobrem e destroem as pontes de bambu que existem ao longo do rio. Sem o auxílio das precárias pontes, os moradores precisam cruzar de um lado ao outro de barco. Nada prático, né? Então, quando chega a época seca, as pessoas se juntam para reconstruir a ponte, um trabalho que se repete todos os anos.

Encontro do Rio Nam Khan com o Mekong em Luang Prabang

Nós tivemos a sorte de estar lá justamente quando uma dessas pontes estava sendo reconstruída, em novembro. Havíamos chegado na noite anterior. Na nossa primeira manhã na cidade, estávamos dando uma volta e nos deparamos com uma ponte ainda no inicinho. O trabalho estava só começando e era fácil perceber cada etapa da construção da ponte em Luang Prabang, totalmente manual.

Ponte de bambu sendo construída em Luang PrabangPonte de bambu sendo construída em Luang Prabang

Ponte de bambu sendo construída em Luang Prabang

No segundo dia estávamos lá de novo. A ponte progredia e ao seu redor a vida continuava a correr. Não era só a ponte que nos chamava atenção, mas também as cenas que se desenrolavam de um lado ao outro do rio. Cenas comuns no Laos, como um pequeno monge em seu traje vibrante e a triste realidade do trabalho infantil…

Criança no Rio Nam Khan - Luang Prabang

Criança no Rio Nam Khan - Luang Prabang

No terceiro dia, o trabalho já estava bem adiantado e a cena habitual ganhou um toque especial quando jovens monges que viviam do outro lado do rio juntaram-se aos trabalhadores. Confesso que aquele esforço coletivo em prol de um bem comum me emocionou.

Ponte de bambu sendo construída em Luang PrabangPonte de bambu sendo construída em Luang Prabang

Monges ajudam na construção da ponte de bambuMonges ajudam na construção da ponte de bambuMonges ajudam na construção da ponte de bambu

Monges ajudam na construção da ponte de bambu

Monges ajudam na construção da ponte de bambu

O quarto dia era também o nosso último em Luang Prabang. Nosso vôo só sairia à tarde, então ainda tínhamos um tempo para matar. Eram nossas últimas horas andando pela cidade e lá Ponte em Luang Prabangestávamos nós de novo à beira do Rio Nam Khan verificando o “andamento da obra”. A última olhadela para a paisagem, àquela altura uma velha conhecida, me deixou feliz. A construção chegava ao final! No fim do dia provavelmente a ponte estaria liberada, mas nós já não estaríamos mais lá para ver. Alguns turistas se arriscaram a  andar por ela antes do término, em meio aos ajustes finais, mas nós preferimos continuar apreciando-a de longe. Foi uma feliz coincidência estarmos lá para presenciar a construção daquela ponte de perto, uma obra que reflete um pouco do modo de viver dos laocianos, um povo que precisa lutar a cada dia para sobreviver em um país com pouquíssima infra-estrutura e desenvolvimento. Sim, o Laos é um país extremamente tranquilo e livre de muitos males do mundo moderno, mas tudo tem seu preço. Ouvi dizer que os turistas precisam pagar uma espécie de pedágio para atravessar as pontes de bambu em Luang Prabang. Não sei se é verdade ou se isso serve para todas as pontes, mas se for, acho justo. Depois de ver aquele trabalho ser executado durante dias e sabendo que ano após ano tudo se repetirá, não haveria como não dar valor a ele.

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10 Comments

  1. Liliana Stahr

    Que linda história, Camila!
    O Vietã e o Laos ficaram para uma próxima viagem a Asia, mas confesso que entre os 2 tenho muito mais vontade de conhecer o Laos. No Vietã só me enche os olhos HaLong Bay e Sapa. Já o que me faz conhecer o Laos é esse tipo de coisa, Nenhuma atração em especial, mas o modo de vida das pessoas, a simplicidade do dia a dia mesmo.

    • Liliana, não dá nem para comparar os países, são tão diferentes. O que me encantou mesmo foi o Camboja e acho que isso até prejudicou minha percepção dos demais. O engraçado é que é uma mesma região, mas cada povo tem suas características únicas. O cambojano é doce, o laociano fechado e o vietnamita frenético. rsrs Mas todas as experiências foram marcantes.

      Agora o que eu quero mesmo é começar a ler os posts da sua viagem! :-)

  2. Que coincidência mais feliz! Obrigada por compartilhar. Vou pro Laos no domingo e estou lendo as suas dicas ;)

    • Ludmy, pena que ainda não escrevi quase nada sobre o Laos, mas você vai ver que Luang Prabang é tão pequenininha que você vai acabar descobrindo tudo sozinha. ;-)

  3. Lendo uma coisa dessas a gente percebe a importância do simples, do trabalho comunitário e da desnecessidade de tanto progresso, que no fundo não está nos levando a nenhum lugar. Mas, acho que já estamos viciados nele, não é mesmo? Por isso aprecio sair, caminhar e me deparar com a simplicidade que ainda existe em alguns lugares por aí… Muito legal! Abraços!

    • Paula, Luang Prabang parece outro mundo, de tão tranquila que é. E é linda também. Mas as pessoas por lá não me parecerem muito felizes, sabe? Talvez sejam só mais fechadas, mas acho que o problema mesmo foi ter ido ao Camboja primeiro, onde as pessoas transbordam gentileza.

  4. Parabens por teu site.
    Leio varios e o teu, com certeza, e um dos mais bem escritos!

  5. Helder Ribeiro

    Maravilha, hein? Que feliz coincidência vocês poderem acompanhar todo o processo de construção da ponte. Esses lugares que mantém essas coisas tradicionais onde o “progresso” ainda não chegou pesado são de emocionar mesmo. Gostei.

    Abraços,
    Helder

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