Um dia em Istambul

IstambulAté hoje, um ano depois da minha viagem, eu ainda não escrevi quase nada sobre Istambul simplesmente porque não sabia por onde começar. Ela nem fazia parte do roteiro, mas apareceu como uma parada no meio do caminho para o Sudeste Asiático por ter sido a passagem mais barata que eu encontrei. Nossos poucos dias lá transcorreram quase sem nenhum planejamento. Teríamos apenas dois dias na ida e um na volta e o jet lag seria nosso inimigo em ambos os momentos, então preferi não nos impor nenhuma obrigação. Sairíamos para andar e o que tivéssemos tempo de ver ou fazer seria lucro. E foi ótimo assim! Andamos bastante, vimos algumas das atrações principais e ficamos encantados. Descobrimos uma cidade super amigável ao turista e muito interessante, além de linda. Talvez a mais linda que eu já conheci, disputando o páreo com São Petersburgo. Não tenho a pretensão de montar um roteiro de viagem a Istambul ou de destrinchar qualquer uma das atrações. Para isso já existem inúmeros blogs e guias de viagem. Vou me limitar a contar o que fizemos, começando pelo nosso primeiro dia útil por lá.

Havíamos chegado na noite anterior e entrado no quarto do hotel mais de meia-noite, mas tentamos já nos adaptar ao fuso e acordamos cedo. Após o café da manhã saímos com a intenção de ir direto para Santa Sofia, mas erramos o caminho e acabamos caindo na Estação de Trem de Sirkeci. Foi um erro providencial! Ao lado havia um posto de informações turísticas, onde pegamos um mapa para evitar que nos perdêssemos novamente, e vimos que haveria a cerimônia dos dervixes na estação naquela noite, então aproveitamos para já garantir nossos ingressos. Sem contar que tivemos a chance de admirar os detalhes da estação durante o dia. Sorte, né?

Estação de Trem de Sirkeci

Estação de Trem de Sirkeci

Com o mapa em mãos, seguimos dessa vez no rumo certo. Se bem que se perder em Istambul não é um grande problema. Nós estávamos aproveitando nossos primeiros momentos ali e tudo era novidade, então o caminho foi nos revelando surpresas e belezas ainda desconhecidas.

Istambul

Istambul

Istambul

Em poucos minutos chegamos à grande atração que procurávamos: a Basílica de Santa Sofia. Ou Hagia Sophia, derivada do grego, ou ainda Ayasofya, em turco. Mas o nome é o que menos importa! Depois de ver tantas fotos dessa construção como um símbolo de Istambul, vê-la de perto foi emocionante!

Basílica de Santa Sofia

Basílica de Santa Sofia

Na verdade eu ainda não sabia o que me esperava. Por dentro Santa Sofia é muito mais bonita do que por fora. E eu não acredito nessa história de que ver fotos do lugar antes estraga a surpresa, pois imagens nunca são capazes de representar tamanha grandiosidade. Fiquei boquiaberta!

Basílica de Santa Sofia

A construção atual foi finalizada no ano 537 para ser a grande catedral do Império Bizantino na época em que Istambul era sua capital e ainda se chamava Constantinopla. Para ter uma ideia da importância da Basílica de Santa Sofia, era lá que os imperadores eram coroados.

Basílica de Santa Sofia

Basílica de Santa SofiaBasílica de Santa SofiaBasílica de Santa Sofia

Basílica de Santa Sofia

Quando, em 1453, o Império Otomano conquistou a cidade no chamado Cerco de Constantinopla, Santa Sofia foi transformada em mesquita e é por isso que hoje vemos símbolos cristãos ao lado de referências islâmicas espalhadas pela construção.

Basílica de Santa Sofia - Acesso ao 2º andar

Basílica de Santa Sofia - Mosaico

Basílica de Santa Sofia

Basílica de Santa Sofia

Basílica de Santa Sofia - Vista da janela

Em 1935, na gestão do presidente Ataturk, Santa Sofia perdeu suas funções religiosas e foi transformada no museu que é hoje. Turistas do mundo todo se espremem para ver esse prédio milenar e tão cheio de história com os próprios olhos. Só sei que valeu a pena enfrentar a fila para entrar. Lá dentro as pessoas se dispersaram no grandioso salão e deu para circular à vontade. Bom, nós fomos no inverno, mas imagino que no verão as filas possam ser bem maiores! Em dezembro de 2013 a entrada para Santa Sofia custou 25 liras turcas por pessoa.

De volta à luz do dia, que não era lá grande coisa por causa do céu nublado, ficamos frente a frente com as duas grandes atrações de Istambul: Santa Sofia de um lado e a Mesquita Azul do outro. Que visão inigualável! Naquele momento eu senti que a rápida passagem por Istambul já tinha valido a pena!

Basílica de Santa Sofia

Mesquita Azul

Era quase meio-dia, horário de uma das cinco orações diárias obrigatórias para os muçulmanos. Nos sentamos na praça em frente à mesquita e ficamos esperando o chamado do muezim para a prece. Desde que eu li o livro de Omã eu esperava por esse momento e presenciá-lo ali, naquele lugar tão lindo, tornou a experiência ainda mais especial.

Em frente à Mesquita Azul

Em frente à Mesquita AzulEm frente à Mesquita Azul

Durante as preces a mesquita estaria fechada para visitação, então aproveitamos o tempo livre  para conhecer a Cisterna da Basílica (Yerebatan Sarnici, em turco). Esse sistema de armazenamento de água foi construído no ano 532, também no Império Bizantino. É um daqueles lugares com um quê de macabro, por ser embaixo da terra, meio escuro e tal, mas é lindo. A iluminação dá um charme todo especial. Em dezembro de 2013 a entrada para a Cisterna custou 10 liras turcas por pessoa. E também havia uma fila enorme!

Cisterna da Basílica

Cisterna da BasílicaCisterna da Basílica

Cisterna da Basílica

Cisterna da BasílicaCisterna da Basílica

Tempo gasto, chegou a hora de visitarmos a outra grande atração do dia: a Mesquita Azul (Sultanahmet Camii, em turco). Enquanto aguardávamos na enorme fila do lado de fora, ficamos observando o ritual dos que entrariam na Mesquita Azul para fazer suas orações. E lá estavam os rapazes fazendo suas abluções, lavando pés, mãos, braços e rosto para se purificarem antes da prece. Nós, meros turistas, só tivemos que tirar os sapatos e eu, é claro, tive que cobrir os cabelos com um lenço. Como era inverno, eu já estava bem coberta e pelo menos não precisei me preocupar com a roupa que vestia. A entrada é gratuita.

Mesquita Azul

Mesquita AzulMesquita Azul

Mesquita Azul

Mesquita Azul

Mais um vez, eu nem imaginava o que me esperava do lado de dentro! Me sentei no chão na parte reservada aos visitantes e fiquei lá embasbacada olhando pro teto. Gente, que obra de arte é aquela? Que delicadeza! Mais parece um bordado feito por mãos minuciosas. Ah, Istambul! Eu não sabia que você guardava tantas belezas!

Mesquita Azul

Mesquita AzulMesquita Azul

Mesquita Azul

Saindo da mesquita começamos uma caminhada um pouco mais longa, mas ainda nas proximidades da Mesquita Azul e de Santa Sofia demos uma passadinha no Arasta Bazaar, um pequeno bazar a céu aberto super charmoso.

Arasta Bazaar

Arasta Bazaar

Mas nosso destino era outro, bem menos tranquilo: o Grand Bazaar. Seu nome já diz tudo: ele é mesmo enorme! E com a profusão de cores e cheiros que a gente já imagina encontrar em lugares assim. É claro que nos perdemos lá dentro e é claro também que não vimos ele todo. E nem precisa, né? Como estávamos só mesmo passeando, sem a intenção de levar alguma coisa, ficamos perambulando a esmo sem ter ideia de como sairíamos daquele emaranhado de lojas. Rodamos, rodamos e saímos por uma porta bem diferente da que entramos.

Grand BazaarGrand Bazaar

Grand Bazaar

Grand Bazaar

A tarde já chegava quase ao fim quando saímos do bazar. Estávamos tão envolvidos com as descobertas do dia que nem tínhamos parado para comer, então chegou a hora de termos um almoço tardio. Ou um jantar meio cedo? Não encontrei muitas opções vegetarianas, mas me virei bem com um prato de verduras com molho de tomate e queijo, acompanhado de um pão todo estiloso. Naquele friozinho caiu super bem!

Comida turca

Quem sabe que eu adoro doces pode pensar que eu me esbaldei em Istambul, né? Fiquei mesmo namorando as vitrines, lindas e feitas para atrair todos os olhares, mas a verdade é que não me entendi bem com as tais baclavas. Pra mim elas são mais bonitas do que gostosas, então me contentei com as barras de chocolates que eu comprava baratinho no supermercado.

BaclavasBaclavas

Com a barriga cheia, já tínhamos ânimo para continuar nossas andanças. Ainda era cedo, por volta das 18h, mas o inverno fazia a noite cair cedo. As ruas estavam super movimentadas, então não tivemos medo de passear mais um pouco. Demos uma estudada no mapa e resolvemos ir à Mesquita Nova (Yeni Cami, em turco).

Mesquita Nova

Mesquita NovaMesquita Nova

Vou poupá-los de ouvir novamente as mesmas ladainhas: por dentro ela é mais bonita e blá, blá, blá… Só sei que a Mesquita Nova acabou sendo a minha preferida em Istambul. Sei lá, ela era menor, menos turística que a Mesquita Azul, me parecia mais intimista. Mesmo assim eu não fiquei totalmente à vontade e tive aquela sensação de estar em um lugar em que não deveria, como eu já contei aqui. Mas que as mesquitas de Istambul são lindas, lindas, lindas eu não posso negar.

Mesquita Nova

Mesquita Nova

Mesquita Nova

Mesquita Nova

Mesquita Nova

Para encerrar a noite, ainda tínhamos um compromisso: assistir ao Rodopio dos Dervixes, que eu já detalhei direitinho aqui no blog.

Dervixes em Istambul

E aí acabou! Ufa! Rendeu, né? E esse foi só o primeiro dia da nossa viagem. Não teria como ela ter começado melhor! Nos próximos posts eu mostro mais um pouquinho do que vimos no restante do nosso tempo em Istambul. Foi pouco, mas foi muito bem aproveitado!

Para ler tudo o que já foi publicado sobre Istambul no Viaggiando, clique aqui.

O post contém links para programas de afiliados. Leia a política de monetização do Viaggiando.

6 Comments

  1. Gabriela Ferreira

    Olá, como você fez com as malas? Levou para o hotel ou já despachou no próprio aeroporto e ficou só com a bagagem de mão? Obrigada

    • Camila Navarro

      Gabriela, eu só viajo sem despachar, com uma mochilinha de 30 litros, então consigo carregá-la para todo canto. =)

  2. Camila:

    Istambul foi amor à primeira vista para mim. Fiquei com vontade de passar uma temporada por lá. Ao ponto de ter procurado um curso de turco (substituído por um de russo) e de ter enviado o meu CV para empresas sediadas na cidade.

    Quando viajei, eu li alguns livros do Orhan Pamuk e também o “Inside the Seraglio”, do John Freely, que me fizeram apreciar ainda mais a cidade. Eu coloco Istambul no mesmo nível de Paris e de São Petersburgo em termos de beleza.

    Por mim, voltaria agora para lá!

    Beijos,

    André (http://viagenzinhahein.wordpress.com)

  3. Ai que vontade que dá de conhecer!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.