A fauna de Mamirauá

A fauna de MamirauáMeus momentos preferidos em Mamirauá eram os passeios de canoinha, quando saíamos só dois turistas e o guia para entrar na mata no pequeno barquinho a remo. Como na época da cheia não há nenhum pedaço de terra firme na reserva, essa é a única forma de percorrer a floresta. Nessas horas o grupo se dividia e cada trio seguia por um caminho diferente, garantindo assim mais silêncio e tranquilidade e aumentando a chance de avistarmos os animais. Era quando a gente podia curtir a floresta da forma mais intensa, escutando seus sons, percebendo seus movimentos, sentindo a água se mexer ao nosso redor.

Passeio de canoinha em Mamirauá

Na Reserva Mamirauá os animais são respeitados. Não há confinamento, eles ficam livres em seu habitat natural e o homem tenta interferir o mínimo possível nesse sistema. É por isso que o número de hóspedes na Pousada Uacari é limitado. Acho que não há forma melhor e mais responsável de se conhecer a Floresta Amazônica. Nadar com botos ou andar com uma cobra enrolada no pescoço para mim são formas de exploração das quais eu prefiro passar longe. Bonito mesmo é encontrar os animais quando a gente menos espera, ser surpreendido e admirar o modo de vida deles.

Pássaro na Reserva Mamirauá

Nós saíamos da pousada sem saber o que iríamos encontrar e, como cada canoinha fazia um percurso diferente, as surpresas não eram as mesmas para todos. Após os passeios nos juntávamos para descobrir quem tinha tido mais sorte. Para sobreviver em Mamirauá na cheia é preciso viver sobre as árvores e/ou saber nadar. Por causa disso talvez a fauna não seja tão variada quanto em áreas de floresta seca, mas entender como funciona a vida na várzea é o que torna esse passeio tão interessante.

Ratinho na Reserva Mamirauá

Um dos primeiros bichinhos a dar as caras para nós foi o macaco de cheiro da cara preta, uma espécie endêmica de Mamirauá. Esses eu vi em mais de uma ocasião e só consegui tirar algumas fotos boas porque eles andavam em grupos grandes e não se assustavam tanto com nossa presença. Por falar nisso, minha admiração pelos fotógrafos de animais cresceu muito depois dessa viagem! Como é difícil fotografá-los! Quando percebia nossa presença, a maioria já saia correndo e aí não dava tempo nem de ajustar o zoom da câmera!

Macaco de cheiro da cara preta

Macaco de cheiro da cara preta

Macaco de cheiro da cara preta

O macaco de cheiro até que era dos mais fáceis, por não ser tão arredio, mas o macaco bugio era custoso! E eu queria muito ver um deles, pois foi um dos animais que mais me impressionou em Mamirauá. O barulho que esse bichinho faz é assustador! A gente estava lá no barquinho, sozinhos no meio da floresta, e de repente ouvia aqueles gritos horríveis ecoando pela mata! Parecia um monstro! Era muito sinistro! Quando ficamos de cara com um bugio, vimos que ele nem era muito grande e digno de medo, mas sei que é um animal bem peculiar. Se você nunca o ouviu, procure por macaco bugio no youtube para ter uma ideia. Eu acho que esse na foto aqui embaixo é um bugio, mas não posso afirmar porque a foto foi tirada bem de longe (e porque eu não consigo diferenciá-los também).

Macaco bugio?

O guia sempre nos mostrava num livrinho qual era o animal que estávamos vendo ou ouvindo, mas quem disse que agora eu consigo me lembrar? Será que esse tipo custoso que arrancava galhos das árvores para jogar em nós quando passávamos era o macaco-prego? E a mãe com o filhote, seria um bugio? Se você souber a resposta, me conta aí nos comentários, por favor!

Macaco-prego?

Macaco-prego?

Macaco-prego?

Macaco bugio?

Mas o animal que todos esperávamos ver era o lindo uacari-branco, mais um macaco endêmico de Mamirauá. Eu tive a sorte de avistá-lo três vezes, mas quase voltei para casa sem ter conseguido uma única foto para reavivar a memória. Na maioria das vezes consegui registrar apenas um borrão branco enquanto ele fugia de nós. Com ou sem foto, que emoção era avistar aquela cara vermelha em meio à pelagem branca! Os encontros com o uacari foram alguns dos momentos mais especiais da viagem.

Uacari-branco

Uacari-branco

Ah, mas tinha um animal que não nos dava trabalho nenhum para fotografar: a preguiça! Só mesmo os olhos treinados dos guias para identificá-las no alto da árvores, se confundindo com os galhos. E eles faziam uma pequena sacanagem: imitavam o barulho de uma gavião para fazer as pobres preguiças saírem correndo. Quer dizer, sair correndo é modo de falar, pois elas fugiam tão vagarosamente que a gente logo entendia porque elas são presas fáceis na floresta.

Preguiça em Mamirauá

Preguiça em Mamirauá

E há também muitos, muitos pássaros e aves, o que faz de Mamirauá um excelente destino para observação desses animais. A Pousada Uacari até oferece um pacote especial para os apaixonados por birdwatching. Muitos a gente não chegou a avistar, pois eles costumavam ficar no topo das árvores, então só os ouvíamos e o guia nos falava de que animal se tratava e nos mostrava a imagem no caderninho. Quando eles se exibiam para nós era uma alegria!

Gavião Panema

Aves em MamirauáAves em Mamirauá - Pica-pau

Aves em Mamirauá

É claro que vimos também o temido jacaré-açu, o animal que se encontra em todo canto da Reserva Mamirauá. Na cheia eles se espalham pela água e a gente não os vê a todo momento, mas o pessoal disse que na seca dá para ver tanto jacaré por lá quanto carro na cidade! Credo! De bonitinho e inofensivo esse bicho não tem nada! A gente tem sempre que tomar cuidado, não pode nem colocar a mão na água, pois o jacaré é bem traiçoeiro. Eu, medrosa como sou, morria de medo de dar de cara com esse mostrengo num dos passeios de canoinha, mas nós só o vimos quando estávamos na pousada e eles davam suas voltas por ali. Prefiro que seja assim, bem de longe!

Jacaré-açu em Mamirauá

Jacaré-açu em Mamirauá

Jacaré-açu em Mamirauá

Ah! E ainda falta falar de um dos astros de Mamirauá: o boto-rosa! A gente viu o boto algumas vezes, sempre quando estávamos nos barcos maiores, nunca no meio da mata. Os que vimos estavam nadando em dupla. Como era lindo vê-los saltando sobre as águas! Fotografar seria impossível, pois eles só dão os pulos rapidinho e voltam para baixo d’água. E eles nunca se aproximavam muito de nós, mesmo quando o barco estava parado. Isso porque o boto-rosa é um animal bem arredio, ao contrário do que os shows que os exploram fazem muita gente supor. O Projeto Boto desenvolvido em Mamirauá é bem interessante. Tivemos uma palestra na pousada com as meninas do projeto bem esclarecedora!  Na região há ainda o tucuxi, ou boto-cinza, mas acho que esse a gente não chegou a ver nenhuma vez.

Ops! E mais um animal especial quase ia ficando de fora: a onça-pintada! Você já imaginou ver onças vivendo sobre as árvores? Pois isso acontece em Mamirauá! O Instituto Mamirauá está desenvolvendo um projeto muito bacana para monitorar e ajudar a preservar essas onças tão peculiares. Estivemos lá na mesma época em que a jornalista Camila Fróis e o fotógrafo André Dib faziam uma matéria sobre o projeto e sobre o Jaguar Expedition, o pacote da Pousada Uacari que permite que os visitantes acompanhem os pesquisadores na busca pelas onças. A experiência deles rendeu ótimas matérias na Azul Magazine e na Revista Galileu.

E para os que sempre perguntam se de vez em quando aparecem umas lagartixas ou pererecas na Pousada Uacari: sim, elas aparecem! Mas são bichinhos inofensivos! Nada que se compare ao temido jacaré-açu! ;-)

Visita inesperada na Pousada Uacari

Veja todos os posts sobre a minha viagem ao Amazonas.

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