198 Livros: Costa Rica – Puerto Limón

198 Livros - Costa Rica Eu só conhecia os fatos mais famosos sobre a Costa Rica: que o país não tem exército, que é um exemplo em sustentabilidade e também famoso pelo ecoturismo. Recentemente o país inovou ao fechar os zoológicos estatais, querendo com isso acabar com a ideia de animais enjaulados. É claro que eu, vegetariana e avessa à exploração animal, aplaudi essa ideia! Tenho muita vontade de conhecer a Costa Rica e só não o fiz ainda porque essa é uma viagem meio cara. Mas voltemos aos livros! Fiquei super feliz quando sorteei o país e tive a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre ele. Na falta de livros contemporâneos disponíveis facilmente, escolhemos um publicado em 1950 que conta uma história ainda mais antiga:  Puerto Limón, do escritor costa-riquenho Joaquín Gutiérrez.

Puerto Limón - Joaquín GutiérrezA história de Puerto Limón se passa na década de 30 em Limón, uma província litorânea da Costa Rica. O jovem Silvano acaba de terminar seus estudos depois de passar 4 anos em um internato e vai para a casa do tio, Héctor Rojas, um rico fazendeiro. Mas Silvano chega à fazenda em meio a uma grande tensão: os trabalhadores das plantações de banana estão em greve e em pé de guerra com os fazendeiros e, principalmente, com a United Fruit Co., a empresa americana que controla a exploração de banana no país. Eles afirmam que nenhum cacho de bananas será embarcado, mas Hector está determinado a ver sua produção escoada. A gente logo percebe – e Silvano também – que os  trabalhadores não pedem nada excessivo. Suas demandas mostram o quanto eles eram explorados e trabalhavam em más condições.

“Los peones pedían mejores salarios, que no les pagaran con vales descontables únicamente en los comisariatos de la compañia y que se establecieran en toda la zona dispensarios com suero antiofídico.”

Silvano não sabe o que quer fazer da vida, mas tem certeza de que não quer viver como seu tio. Ele odeia a vida na fazenda e tem verdadeiro pavor de viver ali. Além disso, ele rechaça o que ele chama de burguesia, apesar de que, à medida em que passa mais tempo com a tia e a prima Diana na cidade, ele percebe que está se tornando um deles. Ao mesmo tempo ele vive um conflito por respeitar o tio, mas se solidarizar com os grevistas e entender que suas reivindicações são justas. A greve bananeira atinge tamanha proporção que envolve até mesmo o presidente da Costa Rica. Os EUA, país de origem da United Fruit Co., ameaçavam intervir para acabar com a greve e isso ameaça a soberania nacional.

“Nuestra patria ha conservado hasta el comento su soberanía por un verdadero milagro, dada su pequeñez. Y si no le gusta la palabra milagro digamos entonces que ello se explica porque hemos sido um poquitilo dignos y lastimosamente pobres. Si hubieran descubierto aquí petróleo o si la naturaleza nos hubiera dado una cintura angosta como a Panamá, hace tiempo que nos hubieran perforado, aserruchado por el medio o intervenido.”

A história da greve é verdadeira, ela realmente aconteceu na Costa Rica em 1934. Joaquín Gutiérrez conseguiu não só imortalizar esse fato histórico em Puerto Limón, mas também retratar a sociedade costarriquenha dessa época através de personagens de diferentes classes sociais. Gostei bastante do livro! Pensando nele agora, não me parece que ele tem quase 400 páginas, pois a leitura fluiu de forma bem rápida tranquila. Sinal de que era mesmo bom!

Puerto Limón foi publicado originalmente em 1950 em espanhol pela Editorial Nascimento, no Chile.

Mais alguns livros de Costa Rica:

  • La Loca de Gandoca, Anacristina Rossi
  • Cadence of the Moon (El clave de luna), Oscar Nunez Olivas
  • Mi Madrina, Carlos Luis Falla

Saiba mais sobre o Projeto 198 Livros.

3 Comments

  1. Lu Malheiros

    Camila,
    Acabei lendo Calypso (em espanhol) da Tatiana Lobo. Ela nasceu no Chile, mas vive há quase 50 anos na Costa Rica e é considerada uma autora costa-riquense. Infelizmente, ele não está disponível em kindle…

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