De onde vem a paixão por viagens? Imagino que a maioria dos viajantes irá responder que costumava viajar com os pais nas férias desde pequeno, que se lembra das viagens com os avós nas férias ou algo assim… Eu não acho que a minha tenha surgido dessa forma, até porque eu nunca viajei com minha família a passeio. Mas também tenho certeza de que não nasci querendo desbravar o mundo. Pensando no assunto, só consegui encontrar uma culpada: a leitura! Sim, foram os livros que me ensinaram a viajar desde cedo e despertaram em mim a vontade de conhecer de perto seus cenários.
Eu não sou nenhuma especialista em literatura, muito pelo contrário, sou apenas uma ávida consumidora. Guerra e Paz e Crepúsculo convivem harmoniosamente na minha estante, sem preconceitos. Não consigo passar um dia sem algum livro no meu criado-mudo e adoro o bom e velho livro de papel (apesar de já estar sonhando com um kindle). Todos os dias eu arranjo um tempinho para ler, pelo menos alguns minutos antes de dormir. Dependendo do livro que estou lendo, esse é um momento que aguardo com ansiedade durante o dia, cheia de expectativas e curiosidade.
Quem é que nunca se sentiu transportado a outra parte do mundo por meio das páginas de um livro? A imaginação voa, inventamos rostos, desenhamos paisagens, chegamos a sentir os cheiros narrados… Através das palavras podemos recriar um mundo sem precisar sair do lugar. Já caminhei pelas ruas de Paris, senti o calor insuportável de Cartagena, me encantei com os sons e aromas de Londres, conheci Salvador há quase um século… De que outra forma eu poderia vivenciar a rotina de um czar ou acompanhar a Revolução Farroupilha tão de perto? Às vezes tenho a impressão de já conhecer um país e mesmo entender a alma de seu povo sem nunca ter pisado os pés nele. Acho que essa é a maior mágica da literatura.
Alguns livros possuem um enorme poder de persuasão e, ao chegar ao final deles, sentimos vontade de arrumar as malas correndo! Criei uma pequena lista de livros que nos convidam a embarcar na primeira oportunidade!
UM ANO NA PROVENCE, Peter Mayle
A história real de Peter Mayle, que trocou a vida agitada em Londres por uma experiência totalmente diferente no interior da França, já é clássica, mas continua encantando leitores pelo mundo. O livro é pequeno, leve e envolvente. Através dos relatos, percebemos a influência de cada estação na vida das pessoas na Provence, acompanhamos os inúmeros problemas decorrentes da reforma de uma casa, nos impressionamos com os costumes franceses e, acima de tudo, nos apaixonamos pela culinária! A gastronomia é uma parte bastante importante do livro e é impossível não ficar com água na boca em diversas passagens. No final, ficou a vontade de trilhar o mesmo caminho do autor. Mas acho que tanta gente deve ter tido a mesma idéia depois de ler o livro que a Provence já nem deve ser mais uma região tão tranquila…
PAIXÃO ÍNDIA, Javier Moro
Eu não tinha ouvido falar desse livro até a Rachel Verano mencioná-lo em um post de seu antigo blog. A história (parcialmente real) da bailarina espanhola Anita Delgado, que se casou com um marajá indiano e se tornou princesa de Kapurthala no início do século passado, realmente é fascinante! O choque cultural que deve ter assustado Anita também me surpreendeu. A riqueza e a opulência contrastam com a pobreza dos indianos, mas não será assim em toda a Índia? Lindos templos, talvez os mais belos do mundo, como o Taj Mahal, cercados por miséria… O livro desperta curiosidade sobre esse país tão diferente do nosso, que ao mesmo tempo que nos fascina, também nos amedronta.
SOB O SOL DA TOSCANA, Frances Mayes
O enredo segue o mesmo estilo de “Um Ano na Provence” e narra a saga de uma professora americana que inventou de comprar uma casa na Toscana para viver alguns meses por ano, durante as férias, e encontra Bramasole, a propriedade que é praticamente um dos personagens do livro. A história é deliciosa e mais uma vez a comida é um ponto marcante. Os jantares preparados com ingredientes sempre frescos e servidos ao ar livre são invejáveis! Além disso, o livro é praticamente um guia de viagem sobre essa região da Itália. Se você assistiu apenas ao filme, não se deixe enganar, pois o livro é mil vezes melhor!
NOITES BRANCAS, Fiodór Dostoiévski
Dostoiévski é um dos meus autores favoritos, mas eu reconheço que seu estilo pode não agradar a todos. Os textos longos e os monólogos sobre problemas sociais ou assuntos teológicos podem desanimar os menos apaixonados, mas Noites Brancas tem um perfil bem diferente. É possível ler o livro todo em poucas horas e os diálogos são mais leves que nas demais obras do autor. Mas talvez a parte mais fascinante da história seja seu cenário: às margens do Rio Nievá, durante as Noites Brancas de São Petersburgo, quando nunca anoitece. Quem é que nunca sonhou com essas noites em que o Sol nunca se põe? Em uma das cidades mais lindas do mundo, o fenômeno deve ser ainda mais belo.
A DAMA DAS CAMÉLIAS, Alexandre Dumas Filho
Muita gente deve torcer o nariz para esse livro super romântico, mas eu tenho que confessar que adorei! O caso de amor entre o estudante Armand Duval e cortesã Marguerite Gautier é daqueles melosos, sofridos e com direito a final trágico. É bem água com açúcar, mas eu tenho uma desculpa: quem consegue resistir a uma história ambientada na Paris do século XIX? ;-)
Foto de besopha.
JANE AUSTEN
Jane Austen. Simples assim. Por que escolher apenas um livro? A obra da escritora não é muito extensa e compensa conhecê-la por inteiro. Já li 4 dos seus 6 livros, mas com certeza irei completar a coleção em breve, pois a leitura é deliciosa. O número de adaptações para o cinema comprovam o sucesso dos romances, que contam muito mais do que histórias de amor. Os livros retratam a sociedade inglesa no início do século XIX, principalmente o interior da Inglaterra e o ambiente rural. A Abadia de Northanger, uma das lacunas da minha estante, se passa em Bath, balneário frequentado por Jane Austen e sua família. Tenho certeza de que após ler esse livro, Bath aparecerá como mais um item da minha já extensa “listinha” de desejos…
RAMSÉS, Christian Jacq
Os cinco títulos misturam história e ficção para contar a história de um dos maiores faraós do Egito. A grandiosidade de Ramsés, que reinou durante 60 anos, e os costumes do povo egípcio são fascinantes. É impossível não se apaixonar por uma cultura que foi uma das mais avançada do mundo durante uma época. Felizmente muitos monumentos continuam de pé, permitindo que possamos conhecer um pouquinho do eco desse passado. A série A Pedra da Luz, do mesmo autor, também é ótima, e nos envolve no mundo mágico dos artesãos responsáveis pela construção das moradas eternas dos faraós. Se é verdade ou ficção, não me importo! Apenas desejo conhecer de perto o legado dessa civilização tão enigmática!
Foto de Mrs Logic.
E então? Algum livro já te deixou com vontade de largar tudo e correr para arrumar as malas? :-)
adorei o post. Tive uma ideia parecida. Fiz uma aba “viajando nos livros” e comecei a procurar livros de viagens. Aproveitei para escrever tb sobre outros livros que eu tenho lido… adorei as dicas aqui!!!
Melissa, eu comecei a ler livros que falam sobre viagens mesmo há pouco tempo e li poucos até agora, mas mesmo os romances nos inpiram muito, né? Eu fico morrendo de vontade de conhecer os lugares onde as histórias se passam.
eu tb comecei, após ter a ideia de postar no blog e indicar. Sim, os romances lovais eu estou incluindo!! Vi que vc ficou inspirada a ir a Russia por isso. Muito legal saber, me Incentivou a ler mais tb e a prestar atenção aonde as histórias passam! Valeu!
Nossa, adorei as dicas de leitura!! Adoro uma boa leitura e realmente Jane Austen nos deixa maravilhados e curiosos pela Inglaterra!! Assistindo O Senhor dos Anéis fiquei louca para conhecer as maravilhosas paisagens da Nova Zelândia!!
Priscila, O Senhor dos Anéis é outra série que eu adoro! Tanto os livros quanto os filmes! ;-)
Carlinha, tenho certeza de que os livros são os culpados pela minha vontade de viajar! Aí depois vieram os blogs para transformar o desejo em compulsão. rsrs
Como assim você não faz grandes viagens? E o Everest chegando aí? :)
Beijos!
Camila,
Sou mais uma dessas que amo ler! E to sempre atras de uma dica, esse post ta ótimo!
Lembro de ler ainda novinha os livros do Amyr Klink e já imaginar grandes viagens pelo mundo.
Bom, nao fui pra esse lado de grandes viagens mas continuei lendo e muito esses livros de relatos de viagens, aí depois os blogs e ainda mais sonhos de grandes viagens…
Maisa, vale responder um comentário tanto tempo depois? Mas você sabe que tenho um bom motivo para ter ficado ausente, né? :) Adoro quando você aparece por aqui!!!
Brenda, obrigada! E seja bem vinda! :)
Beijos, meninas!
Oi Camila!!!
Estava lendo o Blog da Bia, por la cheguei no da Margarida e finalmente ao teu! E amei!!! Parabéns!
Vc acaba de ganhar mais uma leitora assidua! Coincidentemente quando vejo este post sobre leitura. Que é algo fundamental nas nossas vidas.
Beijos e boa semana!!
Oi amiga! Sempre que entro no seu blog penso: pq mesmo eu não entro mais vezes aqui? =) Fiquei inspirada para ler muito desses livros que vc descreveu…Saudades! beijos
Eu também gosto de ler livros ou ver filmes sobre lugares que conheçi. É uma ótima forma de relembrar, né?
Mais um voto para "A Arte de Viajar"! "O Último Judeu" eu acho que dei de presente para meu pai, então é só pedir emprestado. ;)
Beijos!
Cheguei aqui através da Viajosfera do R.Freire. Adorei seu post! Na minha infância eu li todos os livros do M.Lobato e "viajava" no sítio onde os personagens passavam férias. Na época tinha tios q moravam no meio rural, tipo interior do interior do RS, e qdo os visitava ficava comparando o sítio deles com o do "Picapau Amarelo", rs. Sempre gostei muito de ler e gosto de ler sobre as cidades, ou mesmo ficção, depois de visitar os lugares. Três livros q recomendo são:
– Andaluz, de James Webster (ele vai atrás da presença muçulmana na Andaluzia moderna); – o já citado " A Arte de Viajar", bárbaro; – e "O Último Judeu", de Noah Gordon q se passa na Espanha (e Portugal um pouquinho) dos tempos da Inquisição e é tipo um "road book" do coitado do protagonista fugindo- este livro me deu muuuita vontade de conhecer Toledo q qdo fui a Madri não tive!
Guilherme, mais dois livros que eu não conhecia! Vão para a listinha de desejos! :)
Lu, eu também costumo me apaixonar pelos lugares nos livros "comuns". Quando leio sobre a vida de algum personagem em certo lugar, fico morrendo de vontade de vivenciar a história. Li o "Mil Dias em Veneza", da Marlena de Blasi. Confesso que não gostei muito da história, mas adorei "conhecer" Veneza! A vontade de conhecê-la de perto só aumentou!
Mesmo não sendo livros sobre viagens, sempre dou um jeito de montar um roteiro quando estou lendo. Os últimos: El cuaderno de Maya, da Isabel Allende, deu vontade de ir passar um tempo em Chiloé, por onde passei passando. O amante detalhista do Alberto Manguel, a história se passa em Poitiers e fala muito sobre a cidade, lembrei de algumas coisas. Mil dias na Toscana, da Marlena de Blasi, não só deu mais vontade de conhecer, como uma fome enorme, eita povo que sabe comer! Prá amarrar tudo isso, Teoria da viagem, Michel Onfray, indispensável prá quem mergulha de cabeça casa afora.
Oi Camila,
Li os dois do Ewan Mcgregor: "Long Way Down" e "Long Way Around". Conta suas viagens de moto pelo mundo.
Abraços
Guta,sabe que eu acho que nunca li um livro que trata realmente de viagens? Acho que vou começar pela sua recomendação!
Beijos!
Camila, li faz pouco tempo um livro chamado "A arte de viajar", do Alain de Botton.
Livro INCRIVELLLL, que mistura as experiencias de viagem do autor com a visao de mundo de antigos viajantes e artistas.
Risquei ele todinho de tantas coisas legais escritas!
bjus
Marcie, você acredita que nunca li nenhum livro do Mark Twain? Mas ainda não é tarde para começar, né? ;)
Luciana, termina!!! Vou adorar ver sua opinião sobre o assunto!
Beijos!
Adorei o post! Tenho um post sobre literatura pré-viagem rascunhado, mas ainda não terminei. Beijos,
Para mim, tudo começou quando li os diários de viagem do Mark Twain. A maneira como ele descrevia os lugares por onde ia, e a viagem em sí, me cativaram.