198 Livros: Fiji – Tales of the Tikongs

198 Livros - FijiAh, as ilhas do Oceano Pacífico, quanto trabalho elas me dão! Como é difícil encontrar livros dessa região! E quando os encontro eles costumam ser bem caros, principalmente porque os livros não costumam ser publicados no Brasil. Já é muita sorte encontrá-los em inglês! Fiji foi um desses países, mas até que o maior trabalho dessa vez foi esperar uma promoção para importar um livro do escritor que eu havia descoberto: Epeli Hau’ofa. O livro escolhido foi Tales of the Tikongs, uma coleção de contos que parecia ser bem divertida.

Tive que flexibilizar um pouco meus critérios de escolha do livro dessa vez, pois Tales of the Tikongs não parecia falar especificamente de Fiji. Além disso, definir a nacionalidade de Epeli Hau’ofa não é muito simples. Ele costuma ser descrito como um escritor fijiano e tonganês, apesar de ter nascido em Papua Nova Guiné, onde seus pais, missionários tonganeses, viviam quando ele nasceu. Epeli Hau’ofa morou e estudou em Papua Nova Guiné, Tonga, Fiji, Austrália e Canadá. Em 2009, quando morreu, ele era um cidadão fijiano. Por esse breve histórico, concluí que ele poderia me ensinar muito sobre Fiji, mas também sobre outras ilhas do Pacífico.

Tales of the Tikongs - Epeli Hau’ofa

Tales of the Tikongs reflete bem essa miscelânea de culturas. As histórias se passam em Tiko, uma ficcional ilha do Pacífico que tanto poderia ser Fiji quanto Tonga ou Papua Nova Guiné, ou quem sabe uma mistura de todas elas. Tiko está passando por uma assustadora onda de “desenvolvimento”. Os nativos tentam se adaptar a essa nova realidade, deixando seus modos ancestrais de vida para trás.

O livro é uma grande sátira. Apesar de independentes, os 12 contos não são totalmente desvinculados. Em conjunto eles formam um retrato da sociedade de Tiko de maneira cômica e ao mesmo tempo triste, já que a gente consegue enxergar muitas verdades nas atitudes dos personagens. As críticas não poupam ninguém e recaem sobre a igreja, os servidores públicos, os empresários, a ajuda internacional. Estamos falando do outro lado do mundo, mas mesmo lá cada um está dando seu jeitinho para se dar bem.

“He was a typical civil servant: semi-honest and half-trusted. […] He picked up the envelope, opened it, found $ 200 and, being a half-honest civil servant, put back $ 100. After work he went home, set aside $ 50 for his annual missionary contribution, asked God’s forgiveness, spent $ 25 on beer for himself, and the rest on filmy pink panties for his suva-style ladyfriend.”

Com muito humor, em Tales of the Tikongs Epeli Hau’ofa faz uma grande crítica ao imperialismo, mas sem santificar os habitantes nativos de Tiko. É um livro que nos faz pensar sobre colonialismo e globalização, mas também sobre a a natureza humana. Porque muitas das histórias poderiam se passar não só nas pequenas ilhas da Oceania, mas em muitos países do mundo.

Tales of the Tikongs foi publicado originalmente na Nova Zelândia em inglês, em 1983, pela editora Longman Paul, e em 1994 pela University of Hawaii Press.

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