“Quem diria que as saudades deixadas pelas Olimpíadas se transformariam em um clube de leitura? Pois é, um grupo de amigas tuiteiras que passou 2 semanas “juntas” comentando os jogos virtualmente precisou ir atrás de uma válvula de escape pra suprir a falta daquele bate papo tão bom que transformou nossas timelines no twitter em narração esportiva entre os dias 27/07 e 12/08. No fim, descobrimos que temos em comum outra paixão: os livros. Rapidamente montamos um book club virtual pra trocar experiências e sugestões. Como boa parte da turma é também blogueira, logo tivemos a ideia de fazer uma blogagem coletiva pra falar dos nossos top 5 livros. Sim, proposta difícil, mas cada uma vai abordar o assunto à sua maneira – pra ficar muito mais bacana e gostoso de ler.” (Heloisa Righetto)
Eu já falei sobre minha paixão pelos livros aqui no blog. Até contei sobre a influência que a literatura teve no meu desejo de conhecer a Rússia. Hoje volto ao assunto para participar dessa blogagem coletiva super legal, idealizada pela Helô e adaptada por cada uma ao tema de seu blog. Eu queria falar sobre os melhores livros de viagem, livros com relatos, mas a verdade é que ainda tenho pouquíssima experiência nesse tipo de literatura, então vou mesclar alguns livros que falam de viagens e outros que despertam o desejo de viajar. Eu já escrevi um post sobre o assunto há pouco mais de um ano e, para não ficar repetitivo, vou elencar aqui os Top 5 Livros que li de lá pra cá. Será um complemento ao post Livros que valem por uma viagem, que eu adorei escrever e que estava mesmo precisando ser atualizado com minhas leituras recentes.
Então vamos aos meus palpites!
TREM FANTASMA PARA A ESTRELA DO ORIENTE, Paul Theroux 
“Viajantes são considerados pessoas ousadas, mas nosso segredo indecoroso é que viajar é uma das formas mais preguiçosas do mundo de matar o tempo”. Me apaixonei já no primeiro parágrafo. Quem me deu a dica foi a Wanessa, do blog Cadernos de Viagem. Imagine ir da Europa à Ásia de trem, passando pelo Leste Europeu, por Istambul, por ex-repúblicas soviéticas, pelo sudeste asiático, pela Rússia… É ou não o sonho da maioria dos viajantes? Dessa vez Paul Theroux refaz a rota percorrida trinta anos atrás e relatada em “O Grande Bazar Ferroviário” . Alguns países hoje são mais acessíveis, outros sequer podem ser alcançados por causa de guerras ou ditaduras, mas todos mudaram. No livro ainda encontrei uma ótima desculpa para continuar fazendo viagens econômicas: de acordo com Theroux, o luxo nos induz a sensação tão boa que acabamos não percebendo nada ao nosso redor, conceito com o qual a Mari Campos já deixou claro que não concorda. ;-)
ALI E NINO, Kurban Said
Ali e Nino foi publicado pela primeira vez em 1937, em alemão, sob o pseudônimo Kurban Said e até hoje gera dúvidas sobre sua autoria. É um dos livros mais lindos que li nos últimos tempos. A história de amor entre um azeri e uma georgiana dentro das muralhas de Baku é contada de forma tão leve e poética que a gente tem vontade de ler tudo em uma só sentada. Ali Khan Chirvanchir é muçulmano e apaixonado pela Ásia. Nino Kipiani é cristã e sonha com a Europa. É no Azerbaijão que oriente e ocidente se encontram. Como se não bastassem as diferenças culturais, o enredo se desenvolve em meio à Primeira Guerra Mundial e à Revolução Russa. Os percalços do caminho nos transportam a uma aldeia nas montanhas do Daguestão e nos apresentam “a grande e pacífica Pérsia”, terra de haréns e palácios, que “dorme há mil anos e onde raramente se ouvem tiros”. É até difícil acreditar que ele fala do Irã que conhecemos nos dias de hoje…
COM VISTA PARA O KREMLIN, Vivian Oswald
Mais uma dica da Wanessa! Gostaria de ter lido antes de ir para a Rússia, mas também foi legal ler depois e reconhecer vários comportamentos do povo russo que eu percebi em São Petersburgo. Como a própria autora diz, “nada é preto nem branco. É preciso viver na Rússia para entender a existência dessas zona cinzentas”. O livro é um relato dos dois anos em que ela viveu como correspondente no país e reflete o olhar de uma brasileira sobre a sociedade russa atual, que parece ainda estar se definindo após o colapso do comunismo.
A DRAGON APPARENT, Norman Lewis
Um retrato dos últimos momentos do período colonial francês na Indochina antes que a região se transformasse de vez. É isso o que o escritor britânico se propõe a fazer no início da década de 50. O isolamento da região e as densas florestas e montanhas mantiveram antigas civilizações distantes das influências ocidentais durante séculos. Ele teve contato com essas culturas ancestrais que passavam por profundas transformações enquanto o Viêt Minh lutava pela independência, mas que ainda se mantinha gentil e tolerante. Ele conheceu as enormes fazendas de cultivo de chá no Vietnã em que os Moïs, os indígenas da região, eram submetidos a trabalhos forçados. Se encantou pelos laocianos, que trabalhavam apenas o suficiente para produzir o necessário, pois a riqueza não convive bem com os preceitos budistas. Conheceu o Camboja antes do genocídio praticado por Pol Pot durante a ditadura do Khmer Vermelho. Muito do que ele viu, há apenas 60 anos, já não existe. Mal sabia ele que a região seria em breve devastada pela Guerra do Vietnã, física e moralmente. O sudeste asiático que ele nos mostra mudou muito, mas nos ajuda a conhecer um pouco de sua história, palco de inúmeras turbulências no século passado. Infelizmente, não há tradução do livro para o português.
CAPITÃES DE AREIA, Jorge Amado
Quem disse que é preciso ir longe para ampliar nossos horizontes? O Brasil é gigantesco e nele encontramos diversas e ricas formas de expressão cultural. Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Amazonas, Rio de Janeiro, Mato Grosso… Cada estado e região tem seus encantos. E quem melhor descreve as alegrias e as tristezas da Bahia do que Jorge Amado? Através de suas palavras somos transportados às plantações de cacau, à terra dos saveiros, ao império dos coronéis. Seus livros são cheios de sotaque. É difícil indicar só um, mas o que mais me tocou foi Capitães de Areia. A história dos meninos de rua de Salvador é ainda mais comovente por sabermos que mesmo hoje, 80 anos depois, a obra ainda é atual e retrata a situação de muitas crianças brasileiras. Confira agora os Top 5 Livros de outras apaixonadas por literatura e viagens:
- Básico e Necessário, Heloisa Righetto
- Caderninho da Tia Helo, Karine Fontes
- Direto de Paris, Renata Inforzato
- Pelo Mundo, Mari Campos
- Por Onde Andei, Mô Gribel
- Rosmarino e Outros Temperos, Luciana Betenson
- Viajar só, Marta FG
hum! ligada neste post tb! Peguei as dicas! obrigada ! :)
Melissa, depois que ler, me conte o que achou das minhas indicações. ;-)
Também participei nesta blogagem coletiva sobre “Top 5 de livros”. Se me pudesse adicionar agradecia.
http://www.viajarso.blogspot.com
Oi, Marta! Já adicionei o seu link ao post!
Camila,
Que lista, hein? Adorei! Onde é que eu estava que não fiquei sabendo desta blogagem?
Da sua lista, já li Ali e Nino (adorei) e Capitães de Areia. Não ter lido o Theroux é uma falha grave no meu currículo! Já anotei os nomes dos demais.
Como você está pensando em ir à Birmânia, recomendo “The River of Lost footsteps – histories of Burma” de Thant- Myint-U e “finding George Orwell in Burma” de Emma Larkin. Eles dão uma idéia da história do país. Posso levar para o Seminário Viajosfera e te emprestar, mas tenho que alertá-la de que tenho mais ciúmes dos meus livros do que de namorado :-)
Bjs
Lu, desisti de Burma por enquanto. Me convenci de que a primeira viagem à Ásia deveria ser mais light, então não posso ler mais nada sobre o assunto para não reacender a vontade. rsrs
A blogagem não tem data não, viu? Pode fazer sua listinha que eu vou adorar suas dicas!
Beijos!
Camila, já tinha lido seu post anterior e esta lista está demais também!
Morrendo de rir aqui com o embate MariCamposXTheroux :-)
Lena, como eu disse ali em cima pra Mari, vou defender a tese dele! hehe
Esta blogagem coletiva está ótima. Sabe que o estado brasileiro que + fui em viagens a lazer foi a Bahia. Muito provavelmente influencia do Joege Amado. Li muito este autor quando era jovem. Até tenho em casa uma cleção encadernada daquela época. Vou reler alguns.
E preciso ler urgente o Paul Theroux.
Flora, eu comecei a ler Jorge Amado há pouco tempo (uns 2, 3 anos) e não fui à Bahia desde então. Agora tenho vontade de voltar e fazer uma rota baseada nas obras dele. Rende muita coisa, né?
Camila, emplaquei duas dicas na sua lista!!! Tão feliz que você gostou! :)
Tô lendo outro do Theroux, O Safári da Estrela Negra, que a Lu Betenson mencionou num post recente e acabei de ver que está na lista da Mari Campos. Acho que você vai gostar também. Adoro a narrativa do Theroux, mas tenho de concordar com a Mari, o estilo de viagem dele não é pra mim. Sou fresca e não nego!
Fiquei com muita vontade de ler o “Ali e Nino” que você indicou e já vou procurar pra comprar.
Wanessa, pode me dar mais dicas! Até agora adorei todas! :-)
“O Safári da Estrela Negra” já está na lista!
Camila, adorei! Não preciso nem dizer que o Paul Theroux está no topo topíssimo da lista de autores que quero ler. E você é a segunda pessoa que conheço que fala muito bem do Ali e Nino. Vou por na lista também :-) Bjs
Lu, Ali e Nino é mesmo lindo! Leia e depois me conte o que achou.
Legal sua lista, ja acrescentri livros pra minha e indicações suas valem ainda mais :)
Carlinha, ainda estamos esperando a sua lista!
Menina, sua lista é MARAVILHOSA!!! Gosto de tudo isso ;) E, ó, o que eu não concordo com o Theroux é essa conversa de ele achar que é ~impossível~ a gente ter grandes revelações e experiências pessoais em viagem com conforto. Adoro o cara, adorei vários de seus livros mas esse papo de viajar sofrendo comigo não cola, não. Viajar pra mim é 100% prazer – e 100% grandes experiências :D
Mari, eu entendi seu ponto de vista, mas vou concordar com o Theroux! Na verdade vou dizer que concordo só para justificar minhas estadias em albergues. Usar a teoria de um autor famoso me dá um respaldo maior. ;-)
Camila, viajei agora!!!! Tenho que ler urgente suas sugestões, principalmente o Com Vista para o Kremlin, a Rússia me fascina e relatos de quem morou em determinado lugar, mais ainda :) bjs
Renata, ainda mais relatos de uma brasileira que viveu lá, né? Também adorei suas dicas! Preciso é de tempo para incluir tantos livros legais que apareceram nessa blogagem na minha lista.
Eu adorei a Russia! Tinha lido o Dostoieviski antes ir, mas as histórias dele se passam na pré-revolução. Deve ser interessante ler esse Com vista para par ao Kremlin para ter uma visão mais moderna.
Só de ler esse parágrafo do Dragon Apparent já me deu saudade da Indochina vou atrás desse livro.
Karine, meu problema é justamente ficar lendo livros cujas histórias se passam há vários anos ou mesmo séculos! Quando chego lá, o país já está bem diferente! rsrs
Sou apaixonada por livros! Antes eu viajava através dos livros e sempre me foi suficiente. Mas de alguns poucos anos para cá, bateu a vontade de eu mesma ver com os meus olhos tudo o que estava escrito!
Meu desejo de conhecer a Rússia foi 100% motivado pelos livros, assim como a China. Sempre gostei dos livros que me faziam descobrir lugares e com uma descrição dos mesmos.
Já pré-adolescente um dos livrinhos mais marcantes para mim foi um da coleção vaga-lume em que um grupo de estudantes participava de um torneio de volei no Peru.
Também foi muito legal ler uma biografia de Freud antes de visitar Viena (eu queria passar por cada ruazinha!) e descobrir como foi que ele conheceu e percebeu Paris, Roma, Veneza (e as ilhas) e comparar com as minhas impressões de cada um desses lugares! Quando descobri que ele tb visitou a peqiena ilha de Torcello em Veneza, assim como eu, não pude acreditar!
Milena, temos a paixão pela literatura russa em comum. Com escritores como os russos qualquer país seria apaixonante, né? ;-)
Adoraria ver seu Top 5! Por que você não entra na onda da blogagem coletiva também?
Beijos!