Templos de Angkor: detalhes práticos

AngkorAntes de embarcar, a gente tem mil dúvidas. É tudo tão distante e diferente que é normal bater uma insegurança. Para piorar, há muitas informações desencontradas e sites desatualizados, mas a verdade é que viajar pelo Camboja e visitar os Templos de Angkor é mais simples do que a gente imagina. Mas tem gente que, como eu, gosta de planejar tudo tim-tim por tim-tim, então vou compartilhar alguns detalhes práticos que considero importantes sobre os Templos de Angkor e, principalmente, aqueles que me fizeram quebrar a cabeça antes da viagem. O bom é que você vai ver que a maioria das preocupações foram desnecessárias.

ROTEIRO

Antes de ir, eu fiquei tentando escolher os templos que iria visitar. Anotei os nomes dos que mais chamaram minha atenção, procurei saber quais ficavam mais vazios, qual o melhor horário para visitar cada um… Perda de tempo! Quando olhamos o mapa e vemos a quantidade de templos, bate mesmo um desespero, mas não é preciso se preocupar. A maioria dos templos ficam bem próximos. Às vezes poucos metros separam um complexo do outro, então dá para visitar muitos em um dia só. Os guias e motoristas já estão cansados de acompanhar turistas, pode ter certeza de que eles farão boas indicações. Não se preocupe em traçar um roteiro nos Circuitos Grande e Pequeno, que é onde estão concentrados a maioria dos templos. Decida apenas se irá querer conhecer os templos mais afastados, como Banteay Srei e Beng Mealea, ou os do Grupo Roluos. E atente-se para o fato de que nem todos estão incluídos no ticket de Angkor.

Mapa de Angkor

Fonte do mapa: Apsara Authority

O tempo para visitar os templos é uma escolha bem pessoal. Há quem faça o tour de apenas um dia e fique satisfeito, mas eu sabia que tão pouco tempo não seria suficiente para mim. Reservei 3 dias inteiros apenas para os templos e foi o ideal. Com mais dias, provavelmente eu enjoaria e começaria a achar tudo igual, e com menos poderia achar que foi tudo muito corrido.

Ah! Para fugir das multidões, chegar cedo é uma boa idéia. Foi assim que conseguimos pegar Ta Prohm quase vazio. E na hora do almoço muita gente foge do calor. Fomos a Angkor Wat nesse horário e demos sorte. Fugir, fugir mesmo é impossível, afinal, Angkor atrai turistas do mundo todo, mas há muitos templos que ficam praticamente vazios e que são tão interessantes quanto os mais famosos. Mas isso fica para um próximo post!

INGRESSOS PARA OS TEMPLOS DE ANGKOR

Há três tipos de ingresso para os templos, o chamado Angkor Pass, de acordo com a validade (cambojanos e menores de 12 anos não pagam):

  • Para 1 dia: US$ 20
  • Para 3 dias (válido durante uma semana): US$ 40
  • Para 7 dias (válido durante um mês): US$ 60

Os tickets comprados após as 17h começam a correr no dia seguinte, mas permitem a entrada no mesmo dia. Muita gente aproveita isso para assistir o pôr-do-sol em Angkor no dia em que chega a Siem Reap. Angkor Pass

É possível usar os bilhetes em dias não consecutivos dentro do prazo de validade. O bilhete de um dia pode ser comprado também nos checkpoints na estrada para o aeroporto e em Banteay Srei, mas os bilhetes para 3 ou 7 dias só podem ser comprados na portaria principal, no caminho para Angkor Wat. É preciso parar em um dos checkpoints todos os dias antes das visitas aos templos para ganhar um furinho no bilhete. Fora isso, acho que só precisamos mostrar o bilhete na entrada de um ou dois templos, mas é importante carregá-los o tempo todo.

A entrada pode ser paga em Dólar, Riel, Baht ou Euro, mas sempre em dinheiro, nada de cartão de crédito. A moeda mais usada é o dólar e eu vi gente empacando a fila porque pagou em Riel e o caixa não tinha troco fácil. Não é preciso apresentar nenhum documento e, ao contrário do que você provavelmente vai ouvir, NÃO É PRECISO LEVAR FOTO! Já faz alguns anos que a foto é tirada digitalmente na portaria, mas tem muito site de agência de turismo que ainda divulga essa informação defasada.

TRANSPORTE

Outra questão bem pessoal! Muita gente diz que carro com ar condicionado é obrigatório por causa do calor, que no tuk-tuk tem muita poeira, que andar por lá de bicicleta é suicídio… Só você sabe o que pode ou não suportar. Minha fórmula foi tuk-tuk + bicicleta e não sofri nem um pouco por isso. E olha que eu sou muito, muito calorenta, mas no tuk-tuk não faz tanto calor como imaginam. O problema era enquanto andávamos pelos templos, mas durante a viagem era tranquilo. As estradas são bem arborizadas e o vento nos refrescava naturalmente. Mesmo de bicicleta (fomos só até Angkor Wat), o calor não foi um problema. E olha que pedalamos por volta de meio-dia! Problema mesmo seria entrar e sair do ar condicionado toda hora: receita de sinusite na certa!

Tuk-tuk em Angkor

Para quem ficar na dúvida, sugiro que faça o primeiro dia de tuk-tuk, num roteiro mais curto, e sinta o clima. Se achar que foi tranquilo, repita a dose, caso contrário,  faça o restante dos passeios de carro. Fizemos esse teste. Gostamos tanto que no segundo dia fomos a Banteay Srei de tuk-tuk, a cerca de 30 km de Siem Reap! Pagamos US$ 15 no primeiro dia para ir aos templos mais próximos e US$ 25 no segundo, quando fomos a Banteay Srei.

Tuk-tuk em Angkor

E tenho um motivo para implicar com os carros, ônibus e vans: eles são os mais agressivos no trânsito. Os tuk-tuks, motos e bicicletas convivem em harmonia e se respeitam, mas os veículos maiores são ameaçadores, dirigem em alta velocidade, andam na contra-mão, espremem os menores… Talvez pudesse haver uma cobrança por mudança de postura por parte dos turistas para que eles mudem. Porque o importante não é só chegar mais rápido, né?

ALIMENTAÇÃO

Não há muitos pontos de alimentação nos templos de Angkor. Na entrada dos templos sempre há alguém vendendo água, caldo de cana e coisas assim, mas comida mesmo é raro. Banteay Srei é o templo com melhor estrutura, o que inclui um restaurante, mas eu nem cheguei a ver os preços. Entre Bayon e o Portão Norte de Angkor Thom há vários restaurantes e nós almoçamos em um deles. Apesar da localização, não era caro. A refeição para 3 pessoas mais as bebidas saiu por US$ 15. É legal convidar o guia e/ou o motorista para almoçar com você e pagar a parte deles. Aproveite essa chance, pois é um momento em que você pode conversar com eles com mais calma e liberdade. Quase todos por lá falam inglês, mesmo que básico, mas com boa vontade qualquer conversa vai longe.

GUIA: CONTRATAR OU NÃO?

Indispensável não é, vai mesmo de cada um. A Mirella, por exemplo, disse no Mikix que o guia que ela contratou nem tinha tanto conhecimento sobre os templos, mas que foi interessante por outros motivos. Nós preferimos não contratar e não sentimos falta. Me contentei com um livro sobre os templos (comprei esse aqui, para kindle), mas nem tive tempo de ler antes.  Eu só abria o capítulo sobre cada templo que visitava para ler o mais importante. Para quem quiser se aprofundar mais, o livro tem muito material sobre a história e a arquitetura de cada templo.

A Carolina Scotti deixou um comentário aí embaixo dizendo que encontrou um guia em angkor que fala português. Ela diz que ele aprendeu pelo youtube e que fala bem português. Dá para entrar em contato com ele pelo site. Obrigada pela dica, Carol!

Os motoristas também fazem um pouco o papel de guia. O nosso motorista de tuk-tuk, o Pol, sempre nos dava umas dicas antes de entrarmos nos templos, nos dizia o que merecia atenção, o que era mais importante. Mas acho que tanto o guia quanto o motorista são especiais por outro motivo: eles acabam sendo as pessoas mais próximas do turista numa viagem a Siem Reap. Eles passam o dia todo conosco, então a relação é mais intensa.

Pol, nosso motorista em Siem Reap

E não é preciso escolher o guia ou o motorista com antecedência. A chance de encontrar um ótimo por lá ao acaso é enorme e é por isso que quase todo mundo volta com uma indicação. Nós pegamos um tuk-tuk na rodoviária no dia que chegamos e o motorista insistiu para que fôssemos aos templos com ele, mas o problema era justamente sua insistência, sabe? Aí reservamos o tuk-tuk pelo hotel e no dia seguinte tivemos a sorte de conhecer o Pol, uma pessoa ótima, gentil, discreta. Depois negociamos diretamente com ele, sem a intermediação do hotel. E é claro que o Pol ficou para sempre em nossas memórias. Não consegui reprimir as lágrimas na hora de me despedir dele no aeroporto. Mas eu não fui a única a sofrer na hora de me separar do guia. Isso acontece com todos que vão a Siem Reap. :-)

15 Comments

  1. Liliana Stahr

    Ótimo post, Camila! Suei tanto para escrever o meu dos templos que quase desisti,rs. Uma coisa sobre alimentação: convidamos nosso guia todas as vezes para comer conosco, e ele não aceitava. Eu acho que ele ganhava a comida por nos levar lá e ficou chateado de nos fazer pagar por algo que ele teria de graça. Observei mais de uma vez que ele não pagava, e em um lugar tinha uma área separada só para os motoristas. Uma pena pois eu queria ter conversado mais com ele e me senti meio sinhá e mucama em mesas separadas. Quanto ao calor, eu morri de frio no Tuktuk quando fomos ver o nascer do sol e nas duas vezes que pegamos a estrada no comecinho da noite. O vento cortava, palavras de uma não friorenta. E também sofri na despedida como você sabe. O povo é muito fofo, dá vontade de voltar só para conviver com aquela fofura deles um pouco mais.

    • Liliana, nós só comemos nos passeios ao templos uma vez, no primeiro dia. Foi naquela rua com vários restaurantes perto de Baphuon, sabe? Lá eu reparei que tinha de tudo: turistas sozinhos, com os guias, com os guias e os motoristas… O Pol chegou e sentou em uma mesa sozinho, mas nós o chamamos. Esse momento foi bom porque foi a melhor hora para conversar com mais calma. Falamos sobre o Brasil e ele sobre a vida dele, inclusive sobre assuntos mais delicados, como o que aconteceu com ele e a família durante o Khmer Vermelho.

      Mas essa situação de sinhá e mucama eu senti em várias situações, inclusive nas massagens. Era tão barato que eu me sentia explorando aquelas pessoas, sabe? Acabei fazendo poucas massagens porque me sentia mal, acredita?

      • Liliana Stahr

        Tb senti isso em outras situacões, mas é cultural. Eu tentei fazer todo mundo não me chamar de Madam mas não funcionou pq vai no automático deles. Quanto a isso de barato e caro, eu não me sinto mal não. É outra realidade, e a gente precisa se projetar nela para não querer ajudar todo mundo e consertar o país todo com as próprias mãos! Eu vejo a média de preço no local e não gosto de pagar nem muito a mais nem muito a menos. Até porque geralmente quando se paga a mais NUNCA vai para a mão de quem precisa mesmo. E por isso eu procuro valorizar estabelecimentos de nativos, negocios de familia tb.xx

        • Eu não consigo não me sentir mal, Liliana, simplesmente porque o mundo é muito injusto. E não só no Camboja. Basta olhar para o lado no Brasil para ver pessoas se matando de trabalhar para ganhar uma miséria. E eu sei que eu não sou capaz de consertar nada, pois isso tudo faz parte de um sistema muito maior, um sistema capitalista que concentra a riqueza na mão de poucos. Só não consigo deixar de olhar para essas pessoas e pensar no quanto sou privilegiada e tive sorte de ter uma vida melhor. Eu sei que só posso fazer como você diz, um trabalho de formiguinha tentando estimular um turismo mais sustentável, mas isso não tira o aperto do meu peito , sabe? E desculpa pelo desabafo! rsrs

  2. Carolina Scotti

    Adorei seu post e concordo com td que vc falou! 3 dias é o ideal…tive só 2 e nao consegui ver tudo!

    Tb achei a ideia da tuk tuk melhor do que carro com ar…. em outros passeios pelo SE asiático ficamos entrando e saindo de carro com ar e além da sinusite , senti um calor muito mais desconfortavel a cada vez que saía do carro… com a tuk tuk dá pra refrescar bem entre um templo e outro sem estranhar tanto quando se sai deles!

    Quanto aos guias… contratamos apenas na entrada do Angkor Wat mesmo, pagamos acho que US$10,00 ( depois de chorar muito e reduzir para apenas 1h de passeio ao inves dos US$20,00 que ele queria por 1h40!)…e ele ainda nos abandonou la dentro, quando chegamos na fila para subir a torre, alegando que ele nao tinha permissao para subir…. sinceramente nao adorei, achei o ingles dele complicadissimo de entender e ele correu muito conosco… acho que um guia de papel seja melhor!

    De toda forma, enquanto caminhávamos para fora do templo, demos de cara com um guia que fala portugues! Um cambojano que aprendeu somente pelo youtube! E ele fala muito bem , mesmoquando puxa para o português de portugal! rs Fica a dica pra quem entrar aki, se vc nao se importar, claro, do site dele http://poguide7languages.blogspot.com.br/p/testemunhos.html

    Se reservar com antecdência, me parece que ele faz tour por todo o complexo… no nosso dia ele já tinha um grupo de italianos a tarde então não podia nos acompanhar!

    • É verdade, Carol! Depois de ficar um tempo no ar condicionado o calor lá fora parece ainda pior!

      Adorei a dica do guia em português! Depois vou até editar o post para incluir essa informação!

    • guide7languages

      Oi! Muito obrigado pelos comentarios. Eu sou guia que fala Portugues para os templos de Angkor em Siem Reap. Eu posso organizar o tour para os viajantes que quiser visitar os templos de Angkor. O meu contato é guide7languages@gmail.com. Muito obrigado para tudo. Alex Angkor Guide

  3. Ana Cristina Paiva

    Camila, sempre leio os posts mas nunca comento, peço desculpas por isso. Gosto demais dos detalhes, da sua visão dos destinos, da sua capacidade de interagir com os lugares e pessoas. Viajo com vc! bjos

    • Ana Cristina, é assim mesmo, a maioria lê, mas não comenta. Eu mesma não comento em tudo que leio, só mesmo nos posts que acho mais interessantes. Por isso fiquei super feliz por você gastar um pouco do seu tempo parando aqui para comentar. :-) Beijos!

  4. Oi, Cá. Tudo bem? :)

    Seu post foi selecionado para a #Viajosfera, do Viaje na Viagem.

    Dá uma olhada em http://www.viajenaviagem.com

    Até mais,

    Natalie – Boia

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