198 Livros: Suíça – O juiz e seu carrasco

198 Livros - SuíçaEles podem ter os melhores índices relacionados a educação, segurança e desigualdade social, mas quando se trata do Projeto 198 Livros não são os países mais desenvolvidos que se destacam.  Pra falar a verdade, já estou até meio traumatizada com os países ricos depois de algumas experiências de leitura frustrantes. Quando chegou a vez da Suíça eu já sabia que não deveria esperar um livro que retratasse a cultura ou a história do país e logo desencanei. Minha procura seria simplesmente por um livro bom!

Percebendo a minha dificuldade, a Lu Betenson, do blog Rosmarino e Outros Temperos, se prontificou a me ajudar pedindo indicações para um amigo suíço. Ele foi categórico ao indicar o autor Friedrich Dürrenmatt e eu não costumo contestar recomendações apaixonadas de livros. Um dos que ele indicou, O juiz e seu carrasco, era facilmente encontrado em português, então não pensei duas vezes!

O juiz e seu carrasco - Friedrich DurrenmattO juiz e seu carrasco é um romance policial publicado na década de 50. O crime que abre essa história é o assassinato do policial Schmied, um jovem inteligente e promissor. O comissário Bärlach, um velho doente, quase à beira da morte, é quem investiga esse crime ao lado do policial Tschanz. Bom, aparentemente já temos todos os elementos necessários para um enredo policial. E temos mesmo, mas a cada capítulo essa história vai ganhando contornos que a gente não poderia imaginar no início. O livro é curtinho, tem pouco mais de 100 páginas, por isso nem dá tempo de sofrer de curiosidade tentando desvendar o final.

Já falei algumas vezes que não sou fã de romances policiais porque acho que eles seguem sempre a mesma fórmula e acabam sendo previsíveis, mas dessa vez paguei língua. O juiz e seu carrasco realmente me surpreendeu! Para começar, ele não tem aquele clima de mistério pesado. A linguagem é bem simples e a leitura flui facilmente. Ao saber o que aconteceu no passado de Bärlach eu cheguei a desenvolver uma teoria. E quem é que não faria suas apostas ao se deparar com uma frase assim?

“Nunca consegui incriminar você pelos crimes que cometeu, agora vou incriminá-lo por um que não cometeu.”

No capítulo final Friedrich Dürrenmatt desmontou minhas ideias e criou um desfecho brilhante questionando os conceitos de justiça e castigo. Como minha intenção dessa vez não era conhecer melhor um país através da literatura, mas simplesmente ler um livro bom, posso dizer que minhas expectativas foram plenamente atendidas!

O juiz e seu carrasco foi publicado originalmente em alemão, em 1952.  Ele foi publicado no Brasil pela editora  L&PM com a tradução de Kurt Jahn.

Mais alguns livros de escritores suíços:

  • The Tyrant, Jacques Chessex
  • Stiller, Max Frisch

Saiba mais sobre o Projeto 198 Livros.

10 Comments

  1. Lucimara Busch

    Camila, esse livro tá nos “1001 livros para ler antes de morrer”.

  2. Lucimara Busch

    Oi Camila! Ainda não li esse. Tô bem devagar com os 198 Livros!

    • Só com o 198 livros, né? Porque pelo seu instagram tô vendo que você tá a todo vapor! ;-)

      • Lucimara Busch

        Haha só, Camila! Mas não vou parar não. Esse projeto não pode ser abandonado. Eu vou tentar intercalar as leituras, já que eu não leio um livro só por vez!

  3. Edna Gonçalves

    Oi Camila!

    Acho que nunca comentei aqui, então primeiramente quero dizer que adoro seu blog, principalmente este projeto. Já venho acompanhando há algum tempo, e me encantei tanto pelo projeto que resolvi embarcar nele também! Meu primeiro destino literário será a Polônia.
    Ah! Vi que você leu Persépolis, e já estou ansiosa pra ler a sua resenha

    • Que legal, Edna! Seja bem-vinda! O post sobre Persépolis deve demorar um pouquinho. Já viu como estou atrasada com esses posts, né? Espero que você escolha um livro bom para a Polônia, pois, para ser sincera, não gostei muito do que li…

  4. Não conhecida esse do Durrenmatt, parece muito bom! Gostei bastante de A Pane, que inclusive inspirou um filme do Ettore Scola.
    Mas entre os suíços eu amo mesmo é o Robert Walser. Os livros dele são maravilhosos, mas eu acho que só Jakob von Gunten foi traduzido para português.

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