198 Livros: Guiana – Frangipani House

198 Livros - Guiana

Você já parou pra pensar que provavelmente sabe mais sobre muitos países asiáticos que ficam do outro lado do mundo do que sobre Guiana, Suriname e Guiana Francesa? Chega a ser desconcertante nossa ignorância a respeito dos nossos vizinhos do norte. Acho que esse afastamento é fruto das diferenças culturais e linguísticas. Nós, brasileiros, já ficamos meio isolados por sermos o único país da América do Sul que fala português, mas acho que temos muitas semelhanças com a língua e a cultura espanholas, o que torna a aproximação mais fácil. Mas o que dizer do holandês no Suriname, do inglês na Guiana e do francês na Guiana Francesa? As línguas oficiais já mostram que as colonizações foram diferentes. Quer dizer, os colonizadores não foram os mesmos, mas nossas histórias têm muitos pontos em comum, como a utilização de mão de obra escrava no período colonial. Com a Guiana a gente ainda divide o Monte Roraima e parte da Floresta Amazônica, mas mesmo assim as distâncias que nos separam parecem ser grandes. Minha vontade de aprender um pouco mais sobre esses países só aumenta a cada livro deles que leio. E a vontade de conhecê-los também, é claro!

Frangipani House - Beryl Gilroy Frangipani House, da escritora guianense Beryl Gilroy, foi o livro que escolhi para representar o país. Nem pesquisei muito, pois logo descobri que ele estava disponível para kindle e dei a busca por encerrada. O livro é curto, tem pouco mais de 100 páginas, mas é uma leitura intensa. Ele conta a história de Mabel Alexandrina King, ou Mama King, como ela é mais conhecida. Mama King tem 69 anos e está doente. Suas filhas e netos moram nos Estados Unidos e agora Mama King está sozinha na Guiana, sem ninguém para cuidar dela. As filhas procuram então o melhor lugar para a mãe, uma casa em que ela terá “tratamento de branco”: a Frangipani House.

“The occupants of Frangipani House weere the lucky few – lucky to scape the constipated, self-seeking care which large, poor families invariably provide. After much heart-searching, children who have prospered abroad bought what was considered superior care for their parents, when distance intervened between anguished concern and the day-to-day expression of that concern. Then admission to Frangipani House became an answer to a prayer.”

Assim que Mama King melhora, ela começa a se rebelar. Ela está sã e quer voltar para casa, não quer ter sua liberdade tolhida e se ver encerrada em uma casa aonde as pessoas vão para morrer. Mas já não é ela quem decide. É triste acompanhar as mudanças que vão acontecendo em Mama King à medida em que o tempo passa na Frangipani House. Ela sempre foi uma mulher forte, criou as duas filhas sozinha quando o marido desapareceu, criou também os netos antes que eles fossem para os Estados Unidos, mas o ócio na casa de repouso e a saudade da família e dos amigos estão sendo demais para ela. O que sobrou de uma vida de tanta luta?

Através de uma história relativamente simples, Frangipani House aborda vários temas relevantes, como velhice, família, cultura, emigração. É impossível não se impressionar com Mama King, com sua força e sua história, e não questionar a forma “moderna”  de encarar a velhice. É um livro forte que sem dúvida nos faz pensar um bocado!

Frangipani House foi publicado originalmente em inglês pela editora Heinemann, em 1986.

Saiba mais sobre o Projeto 198 Livros.

8 Comments

  1. Edna Gonçalves

    Achei muito interessante. Já vou colocar na minha listinha (que só aumenta)

    Bjs
    Edna

    entrepapeisecartas.com.br

  2. Eita, mais que fiquei doida pra ler! :)

  3. Lu Malheiros

    Camila, gostei bastante do livro!!! E. assim como você, a minha vontade de conhecer as Guianas só aumenta ;-)

    • Lu, depois de escrever o post fiquei até procurando passagens para nossos vizinhos. Para o Suriname os preços estavam interessantes. ;-)

      • Lu Malheiros

        Camila, tentador, né? Tenho um projeto que provavelmente nunca vai sair do papel: visitar os países da América Central em uma única viagem. Conheci um pouquinho do Panamá e estive na Guatemala – não fui à Tikal – e tenho vontade de conhecer mais. Infelizmente, é mais fácil planejar uma viagem para o Sudeste Asiático do que pela América Central. :-(

        • É verdade Lu, falta informação sobre essa região. Até hoje não conheço nenhum dos países da América Central e quando olho no mapa parece ser tão fácil percorrer aquele pedacinho do mundo, mas quando pesquiso qualquer coisa desanimo. Espero que seu sonho saia um dia do papel!

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