Hermitage e Palácio de Inverno

HermitageEu nunca escrevi posts polêmicos. Não gosto de participar de discussões e tento ser sempre amena, principalmente nas críticas. Os que acompanham o blog de longa data já devem ter percebido meu estilo, mas depois do post de hoje talvez eu até perca alguns leitores. Provavelmente os mais radicais vão achar que cometi uma heresia. Espero que outros me entendam. Mas chega de ladainha, eis meu grande pecado: eu fui ao Hermitage e não dei a mínima para as centenas de obras de arte famosas que lá se encontram! Passei horas perambulando por seus andares e não procurei nem saber onde estavam os Picassos, Matisses e afins. Não perdi nem um minuto examinando as obras dos mais renomados artistas da história. E agora? Será que mereço absolvição?

Espero merecer pelo menos a chance de me explicar. Não ter apreciado as telas de Leonardo da Vinci ou Van Gogh não significa que eu ignorei as obras de arte, pois cada um dos salões que abrigam as milhares de pinturas nada mais são do que pura arte! Os prédios que compõem o museu são um labirinto gigantesco de cômodos especialmente planejados para nos surpreender. A cada porta que cruzávamos o espanto era maior. Se fosse uma ou outra sala deslumbrante, tudo bem. Mas não! Elas são incontáveis! Mal dá tempo de se recuperar de uma e lá vem outra para nos confundir e tornar ainda mais difícil a tarefa de escolher uma favorita. Como não tenho mais nada a dizer em minha defesa, espero que minhas inúmeras fotos possam convencê-los da minha inocência.

The Golden Drawing-room

The Alexander Hall

Hermitage

The Armorial Hall

The Small Throne Room Hermitage

The Main Staircase

The Raphael LoggiasThe Antechamber

The St. George Hall

HermitageHermitage

Hermitage

The Library of Nicholas II

The BoudoirThe Malachite Drawing-room

E então? Eu tive ou não motivos para ficar hipnotizada?

As obras de arte estão dispostas pelos magníficos salões. Quando as duas coisas se juntam o efeito é impressionante, mas a parte mais bonita do palácio se concentra no 1º andar, enquanto as principais obras estão no 2º andar, onde as salas não possuem praticamente nenhuma decoração. É até decepcionante. As paredes sem graça depois de uma sequência de tetos e pisos deslumbrantes são um choque. Talvez não queiram que a suntuosidade do palácio ofusque a importância dos quadros. Não sei. De qualquer forma, aqueles que, ao contrário de mim, dedicam suas horas no Hermitage à busca dos clássicos da pintura no emaranhado de salas (são 365!) com certeza não se decepcionam.

Hermitage

Hermitage

The Small Italian Skylight Room

Hermitage

Hermitage

É claro que não dá para deixar de mencionar também o exterior do Museu: a Praça do Palácio, ou Dvortsovaya Ploshchad. Ali estão o Palácio de Inverno, o principal prédio do Hermitage, a Coluna de Alexandre e o Palácio do Estado Maior. Não há nenhuma sombra, mas compensa sentar algum tempo ali sentindo o clima de um local carregado de história, hoje lotado de turistas.

Palácio de Inverno

Palácio de InvernoColuna de Alexandre

Palácio de Inverno

Palácio do Estado Maior

Nós compramos os ingressos para o Hermitage com antecedência no site oficial. O ticket é válido por 6 meses e não especifica a data de uso. Compramos o que dá direito a dois dias consecutivos de visita  e acesso a alguns outros prédios por US $25.95, mas acabamos usando apenas uma vez. Na entrada furamos a fila e fomos com nosso voucher (e passaportes) a  um guichê no interior do prédio para trocá-lo pelas entradas. As informações não são nada claras, a fila é confusa, os atendentes não são muito simpáticos e mesmo lá o inglês é precário, mas conseguimos furar a  fila gigantesca para compra de ingressos e entrar no museu. Não tenha dúvidas, compre os ingressos antes pela internet! Você precisará de muitas horas para conhecer o Hermitage e não compensa gastar nenhuma delas na fila de entrada. ;-)

19 Comments

  1. Camila
    Estive em Sao Petersburgo em 2010 e estou revisitando através dos seus posts e me deliciando com seu relato. Também amei a arquitetura do Hermitage e foi um sonho realizado.Me lembro da cada salão que você mostrou aqui e também de alguns detalhes que obtive de uma guia. Por exemplo Naquele Hall St George o chão tem um trabalho de machetaria lindo que é a reprodução dos desenhos do teto como num espelho.A história do Palácio também é incrível, com toda a resistência as guerras, incêndio e era soviética. É incrivel terem conseguido manter todo aquele acervo!
    Ah, e parabéns pelo blog..

    • Eneida, fui correndo ali em cima ver a foto do Hall St George e que decepção eu tive ao perceber que ela não enquadrou o chão! Depois vou dar uma olhada no restante das fotos para ver se alguma delas captou esse detalhe. ;-)

  2. Camila, adorei a sinceridade do post. E não é só porque gostamos de viajar que temos que apreciar tuuuudo o que nos é oferecido com a mesma intensidade. E imagino mesmo que a concorrência entre as obras de arte e o próprio Hermitage seja difícil administrar.
    Parabéns pelo blog.

    • Georgia, acho que o Hermitage agrada a vários tipos de viajantes. Eu, por exemplo, fiquei satisfeita só por andar pelo lindo prédio, mas para os apreciadores de arte também não faltam motivos para se impressionar. Todos ganham! ;-)

  3. Oi, Camila! Estou tão feliz que você voltou a postar sobre a Rússia! Fiquei com medo que agora só quisesse postar sobre o Chile. Aliás, li no Twitter que você pegou bastante chuva no Atacama (!!!). Não vi se deu para vocês fazerem o passeio a Tara, mas espero que sim, porque foi o meu preferido de longe!
    Sobre o Hermitage: tinha lido o post no celular e achado as fotos lindas. No tamanho normal, então… Totalmente justificável você não ter se importado tanto com os quadros! Fez muito bem em priorizar seus interesses, afinal, o tempo é sempre tão curto…

    • Wanessa, não se preocupe! Vou terminar de postar sobre a Europa antes de começar o Chile. E, como estou super atrasada, o próximo post sobre a Rússia deve sair amanhã mesmo! Já tá aqui no rascunho. ;-)

      Viu só que azar eu tive? Chuva no deserto!!! Não deu para fazer muita coisa, mas pelo menos fomos ao Salar de Tara! Realmente é magnífico! Um passeio que compensou a ida até lá!

  4. Luciana Betenson

    Camila, eu te entendi perfeitamente! Primeiro, acho que ninguém precisa entender de arte para gostar dela. E cada um gosta do seu jeito, não tem jeito certo. Segundo, uso sempre a máxima da Patricia Turomaquia sobre museus: a gente precisa ver o que é mais representativo e único nos museus que visitamos. E certamente as salas e salões do Hermitage são seu diferencial e um dos pontos altos! Beijos,

    • Silvia Oliveira

      Camila! Também tenho esse perfil quando escrevo: gosto da harmonia e de falar das coisas que me fizeram bem. Se vou a algum restaurante que deu errado, por exemplo, eu simplesmente não escrevo sobre ele. Se existe algo extremamente turístico com algumas roubadas e até tento alertar, mas minha ideia é divulgar coisas acertadas! Sobre o Hermitage, acho que farei como você! Não dá para se fixar em tanta obra de arte se a gente não entende muito, principalmente num universo artístico daqueles. O ideal é flanar e absorver o macro e ser surpreendida a cada minuto com os detalhes! Beijos! :-)

      • Silvia, nem adiantaria eu ir atrás dos pintores famosos e tentar fingir que aprecio e entendo de obras de arte. Um construção bonita toca mais meu coração, fazer o quê? ;-)

    • Luciana, é verdade! Um museu com as salas do Hermitage não se encontra em qualquer lugar. :-)

  5. Nosssaaaa! O Hermitage é um dos meus maiores sonhos de consumo russos! E vc sabe q a 1ª vez q me falaram dele, foi do predio em si…depois fui descobrir que o acervo deles era inimaginavel! Acho que só estando lá para se dar conta da escala do lugar…Acho que depois do seu post, quando eu for, vou ter que dar um jeito de ir em 2 dias, um para curtir o palacio em si, e outro para as obras mais incriveis….e acho q mesmo assim vai faltar ne? hehe
    Adorei! Quero ir para lá!!!!!! :-)
    bjus!

    • Guta, minha motivação foi mesmo o prédio e toda a história que o envolve. Faz isso mesmo! Em dois dias você vai poder aproveitar muito mais, e com calma. Eu pensei que iria usar o ingresso em dois dias, mas no primeiro já me dei por satisfeita e não voltei, mas é melhor garantir, né?

      Beijos!

  6. Oi Camila,

    As vezes os museus ficam cansativos ou massantes, grandes museus nos deixam confusos, e com certeza ter que procurar uma tradução do russo deva ser cansativo demais. Em muitos museus já fiz isto de ver e deu, sem grandes obrigações. Curtir as salas mais vazias, fugir do tradicional.
    Cada um sabe seu dia e se viaja por prazer, não por obrigação. Então se você curtiu assim é isso mesmo.

    • Gustavo, como eu não entendo nada de arte, não me preocupei com as obras. Me deslumbrei com a parte arquitetônica, que eu amo (mas sobre a qual também não entendo rsrs) e desencanei de tentar ver tudo, até porque seria impossível. E curti muito!

  7. Minha viagem a Rússia, foi inesquecível.
    Parabéns p/ blog. É uma das minhas fontes de pesquisa antes de viajar,
    Saudaçoes.

  8. Natalia Gastão

    Eu cometi o mesmo pecado que você!!!!
    Babei muito mais pelas salas que pelas obras! A galeria do Rafael me deixou embasbacada por um bom tempo! Sem contar os salões…
    Claro que as obras do Picasso, Matisse, Leonardo da Vinci e cia. são incríveis, mas como disse você, aquele lugar rico em história, faz a gente se sentir pequeno e é simplesmente deslumbrante, imagine viver lá?
    Usei os meus dois dias do ticket, mas em doses homeopáticas, não passamos o dia inteiro, ficamos absorvendo o lugar.
    Ahh!!! Vocês não furaram a fila, quando compramos o ticket pela internet, passamos direto para a bilheteria, os atendentes viam o nosso comprovante e liberava a entrada.
    Esse post me deixou com saudades!

    • Natalia, eu ficava de queixo caído cada vez que entrava em um daqueles salões maravilhosos! E eu voltaria só para ficar olhando para o teto mais uma vez.

      Sobre a fila, eu falei em sentido figurado. Como não há uma fila separada para quem já comprou ou não o ingresso, passamos direto e vamos direto ao guichê. A impressão que se tem é de estar furando a fila. ;-)

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