Plovdiv, Bulgária: uma história atrás da outra

Eu não esperava muito de Plovdiv. Tinha lido muitos comentários positivos sobre ela, mas eles ressaltavam o clima universitário e a vida noturna da cidade, características intangíveis que não seriam suficientes para me fazer ir até lá. Mencionavam também um centro histórico preservado e foi por isso, sem ter visto uma única foto, que eu incluí a cidade no meu roteiro. Que decisão acertada! Caí de amores pela cidade antiga assim que a vi e andei horas e horas por lá sem nem começar a enjoar! Mas peraí que essa história começou um pouco antes.

Nossa chegada não foi muito agradável. Saímos de Veliko Tarnovo pela manhã e o trajeto de van até Plovdiv entra fácil na lista de piores viagens da minha vida! Felizmente a viagem não foi muito longa e nós chegamos vivos, então no início da tarde já começamos a conhecer a cidade. Era domingo e as ruas no centro da cidade estavam lotadas. Começamos pela Knyaz Aleksandâr, uma rua de pedestres super charmosa, item presente em todas as cidades que visitamos nos Balcãs. Queríamos almoçar, mas todos os restaurantes que pareciam bons não tinham uma única mesa vazia. O povo estava mesmo nas ruas! Compramos pedaços de pizza (muito comuns na Bulgária) e seguimos adiante, prontos para conhecer a cidade.

Plovdiv é uma cidade moderna recheada de construções antigas misturadas com outras ainda mais antigas. É sério! Ao lado de prédios do século XVIII a gente vê ruínas romanas milenares e templos do século XV, como o Teatro Romano e a Mesquita Dzhumaya aqui embaixo,  o que indica que a cidade abriga diferentes camadas de história. Essa impressão que o turista tem logo de cara é verdadeira: há vestígios da permanência humana em Plovdiv que datam do período Neolítico, há mais de 8 mil anos! Ela é umas das cidades europeias continuamente habitadas há mais tempo.

Passamos dois dias em Plovdiv, na verdade um dia e meio, já que chegamos lá no início da tarde de domingo, e em ambos o clima era o mesmo. Na segunda-feira as ruas continuavam lotadas! Ficamos intrigados e só então descobrimos que era feriado no país: 22 de setembro, Independência da Bulgária. Sem planejar, tivemos a sorte de visitar a cidade em dias ótimos. As praças e parques estavam cheios de crianças brincando, as pessoas passeavam sem pressa, uma delícia! O destino conspirava para nos fazer gostar de Plovdiv!

Depois de andarmos um pouco pelo centro, seguimos em direção à cidade antiga. No caminho vi alguns murais artísticos nos muros e paredes dos prédios. Lembra que eu falei sobre eles em Veliko Tarnovo? Encontrei-os de novo em Plovdiv, mas continuei sem ter informações sobre eles. Só sei que eles deixam a paisagem urbana muito mais interessante!

Passamos ainda pelo Teatro Romano, construído entre os anos 114 e 117, durante o reinado do Imperador Trajano. Ele tinha capacidade para 6 mil pessoas e funcionou até o século V. As ruínas do teatro se esconderam sob a terra ao longo dos séculos, mas ele foi redescoberto em 1972 e restaurado nos anos seguintes. É possível visitá-lo (a entrada custa 3 leves), mas quando passamos por lá ele estava fechado (estavam terminando de desmontar o palco de alguma apresentação). Felizmente é possível observar bem o teatro pelo lado de fora.

 

E logo chegamos à Cidade Antiga de Plovdiv e então eu caí de amores de vez! Já peço desculpas antecipadamente pelo excesso de fotos, mas não me contive. Quer dizer, desculpas que nada! Se você acompanha o Viaggiando provavelmente gosta de construções históricas e de ruas de pedra, então não será nada difícil ver as imagens abaixo. Vamos a elas!

O centro histórico de Plovdiv é bem peculiar. As construções são do período chamado Renascimento Búlgaro. No século XVIII o país se encontrava sob domínio do Império Otomano, mas surgiu um movimento nacionalista que se refletiu em diversas áreas, inclusive nas artes. A arquitetura dessa época tem um estilo único. As ruas irregulares evidenciam que a ocupação do lugar é ainda mais antiga e que por trás das fachadas ricas em detalhes se escondem várias eras. Não consigo descrever, deixo as fotos falarem por si.

O Renascimento Búlgaro produziu reflexos também na religião. Em oposição ao islamismo dos colonizadores, várias igrejas católicas foram construídas ou reconstruídas nesse período. A religião predominante na Bulgária é a cristã ortodoxa e agora me pergunto porque não entrei em nenhuma dessas igrejas, já que as igrejas ortodoxas costumam ser minhas preferidas. Acho que era o sinal de que a viagem estava chegando ao final, quando a gente já está meio farto de entrar em igrejas e museus…

No alto do centro histórico fica Nebet Tepe, ou Colina Vigia, o lugar que abriga os vestígios mais remotos de civilização em Plovdiv. Lá foram encontradas as ruínas de uma antiga cidade dos trácios, povo que ocupou a região na Idade Antiga. Lá também estão ruínas de uma muralha do Período Romano. Pouco se enxerga nas pedras amontoadas, mas lá de cima a gente vê bem a Plovdiv moderna.

A vista da colina era muito boa, mas interessante mesmo eram as ruas da cidade antiga lá embaixo, então logo voltamos a elas. Lembra que eu falei que chegamos à cidade no domingo, né? Numa tarde conseguimos ver a maior parte das atrações, mas rapidamente e sem entrar em nenhuma delas. No dia seguinte o que fizemos foi rever tudo com mais calma, apreciando os detalhes.

E detalhes não faltam no centro histórico de Plovdiv. Que lugar encantador! Espero que a essa altura vocês já tenham entendido porque eu escolhi deixar esse post tão cheio de fotos. ;-)

ONDE COMER EM PLOVDIV

Já contei que substituímos um almoço por pizza. São portinhas, ou melhor, janelas, em que você compra a pizza por pedaço e come em pé. São muito comuns na Bulgária. São práticas e baratas e quebram o galho dos turistas. Estão sempre cheias de moradores locais, então quando a gente via uma fila já sabia que a pizza devia ser boa. Dava certo!

Uma noite jantamos no restaurante do nosso hotel, mas eles nem tinham menu em inglês, então acabamos comendo pizza, de novo! Não foi nada memorável.

Nossa melhor experiência foi no Restaurante Hemingway. Tentamos ir lá no domingo, mas ele estava lotado, então voltamos para almoçar na segunda. O atendimento foi bom, apesar de um pouco frio. O ambiente era agradável, com direito a muita música brasileira. E a comida era muito boa. Ele fica na rua Gurko, que corta a Knyaz Aleksandâr, a rua de pedestres, bem no início. No site do restaurante há o menu com preços.

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Fonte das informações históricas: Visit Plovdiv

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