Mosteiro de Alcobaça

Nosso motivo para passar três noites em Óbidos não foi somente o charme da pequena cidade medieval, mas também sua posição estratégica. Em Portugal já é tudo muito perto, mas Óbidos ficava perfeitamente localizada para alguns passeios que queríamos fazer. Alugamos um carro em Caldas da Rainha, a 10 km de Óbidos, e viajamos por estradas secundárias em busca de algumas preciosidades portuguesas. A primeira delas era o Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça, o primeiro exemplar da arquitetura gótica em Portugal. Ainda na entrada da cidade, paramos nas ruínas de um antigo castelo para admirar a vista do mosteiro. Um grupo de estudantes e vários carros encontravam-se na porta e pensei que dividiríamos espaço com a mesma multidão que vimos em Mafra, mas quando chegamos lá embaixo eles já tinham ido embora. Ufa! A partir daí tivemos a atração quase que só para nós!

O Mosteiro de Alcobaça começou a ser construído em 1178. Ao longo dos séculos seguintes várias reformas e acréscimos foram sendo realizados e o complexo virou uma mistura de estilos arquitetônicos, com predominância do gótico, mas com toques manuelinos e barrocos, como a linda fachada do edifício.

Começamos nossa visita pela Igreja, consagrada em 1252. Minha primeira reação foi de espanto. Ela é gigantesca! É a maior igreja gótica de Portugal, com 100 metros de comprimento. Nem é só o tamanho que dá a sensação de grandeza, mas também os altos arcos e o lindo reflexo da luz nas pedras. Comparada com as igrejas barrocas, ela é simples, sem ornamentos, mas de uma beleza ímpar.

E é lá que estão os túmulos de D. Pedro e D. Inês, os protagonistas da versão portuguesa de Romeu e Julieta. A história é famosa e bem romanceada, sendo mais ou menos assim: D. Pedro I (que veio bem antes do “nosso” D. Pedro) casou-se com a princesa castelhana D. Constança. Em 1340, ela chegou a Portugal com sua comitiva, incluindo sua dama de companhia, D. Inês de Castro, por quem Pedro ficou apaixonado. Com a morte de D. Constança, Pedro e Inês assumiram seu romance, mas o o rei D. Afonso IV não aceitou essa união e mandou matá-la. Pedro ficou tão louco com a morte de Inês que entrou em uma guerra contra seu pai que duraria mais de um ano. Poucos meses depois de selada a paz, D. Afonso morreu e Pedro tornou-se o novo rei de Portugal. Para honrar sua amada e vingar sua morte, ele mandou matar seus executores e elevou Inês ao posto de rainha, mesmo depois de morta. E ainda mandou construir duas espetaculares arcas tumulares para o Mosteiro de Alcobaça, uma para si e outra para Inês, para que eles ficassem unidos na eternidade. Em seu túmulo, Inês está representada com uma coroa de rainha.

Mas nosso passeio estava só começando, ainda havia muito mais. Da igreja, saímos para a Sala dos Reis, que tem sua formação atual desde o Século XVIII. Antes uma capela, ela passou então a abrigar as estátuas dos reis de Portugal até D. José I e painéis de azulejo que contam a história da fundação do Mosteiro de Alcobaça.

Chegamos então àquela que para mim é a parte mais bonita do Mosteiro de Alcobaça: o Claustro de D. Dinis, que nada mais é do que uma passagem de acesso às demais alas do mosteiro. Ao seu redor estão as dependências do convento e no seu centro um jardim emoldurado pelos arcos do claustro.

Rodeando o Claustro de D. Dinis a gente vai conhecendo as dependências mais antigas do mosteiro, como a Sala do Capítulo, a Sala dos Monges e o Refeitório, todos em estilo gótico. Em frente à entrada do refeitório fica o lavabo onde os monges faziam suas abluções antes das refeições.

O piso superior do claustro, o Sobreclaustro, foi acrescentado à construção posteriormente, no século XVI, e por isso ostenta um estilo arquitetônico diferente, com traços manuelinos. Lá ficavam os dormitórios, mas a maior atração quando se sobe as escadas talvez seja a vista do jardim e da lateral da igreja que se tem lá de cima.

Antes de ir embora de Alcobaça, não perca a chance de experimentar os doces típicos da cidade! Em frente ao Mosteiro fica a Pastelaria Alcôa. Ela serve alguns dos melhores doces que comemos em Portugal. E olha que em Doces de Portugal eu até que tenho alguma experiência. ;-)

MOSTEIRO DE ALCOBAÇA: INFORMAÇÕES PRÁTICAS

Site oficial: www.mosteiroalcobaca.pt

Horário de Funcionamento:

• De outubro a março: das 9h às 17h (entrada até as 16h30)
• De abril a setembro: das 9h às 19h (entrada até as 18h30)
• Fechado nos dias 1º de Janeiro, Domingo de Páscoa, 1º de Maio e 25 de Dezembro

Entrada: 6 € para adultos. Gratuita aos domingos e feriados até as 14h. Veja outros descontos aqui.

Fotografia: Permitida.

Tempo de Visita: No mínimo uma hora.

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