Cachoeira do Campo e a Matriz de Nazaré

Paramos na porta da Matriz de Nazaré, em Cachoeira do Campo, e ela estava fechada. Não queríamos perder a viagem, então perguntamos para um senhor sentado na praça se ele sabia os horários de visitação da igreja. “Pergunta para o padre, ele tá ali”, o senhor nos respondeu. E lá fomos nós. Perguntamos sobre a igreja e ele nos disse que o Nilsinho de certo tinha ido almoçar, mas que a gente podia esperar que ele não devia demorar.

E assim fizemos. Aproveitamos para lanchar em uma boa padaria ali em frente e ficamos esperando o tal do Nilsinho. Enquanto isso demos uma olhada no casario histórico ao redor da Praça Felipe dos Santos, onde fica a igreja. Deu dó ver as casas antigas carentes de manutenção. As faixas neste casarão aqui embaixo pediam socorro por ele, acusavam o poder público de omissão. Espero que algo já tenha sido feito!

Logo o Nilsinho apareceu, tinha que abrir a igreja porque iam decorá-la para o casamento que aconteceria na tarde daquele sábado. O Nilsinho é uma daquelas pessoas apaixonadas pela igreja da qual toma conta. É ele quem fica com a chave, quem toca o sino e quem recebe os turistas que aparecem por ali. Sua ligação com a Matriz de Nazaré começou quando ele era ainda criança. Assim como eu, ele acha injusto que a maioria das pessoas vá a Ouro Preto e não estique a viagem até seu maior distrito, Cachoeira do Campo.

O que nos levou até lá foi justamente a Igreja Matriz de Nossa Senhora de Nazaré. Ela foi construída no início do século XVIII, provavelmente em 1725, e não foi modificada ao longo dos séculos. Toda em pedra, por fora ela não entrega muita coisa. Quem a vê assim não imagina que ela abrigue um dos maiores tesouros barrocos em solo brasileiro.

Mesmo sabendo da importância do que eu estava indo visitar eu não poderia imaginar o que estava prestes a ver. Só posso dizer que fiquei realmente boquiaberta. A Matriz de Nazaré era muito mais bonita do que eu esperava!

A igreja ficou fechada por alguns anos para restauração e foi reaberta em agosto de 2014. O trabalho foi minucioso e deixou a Matriz de Nazaré parecendo nova em folha. A reinauguração fez a alegria dos moradores de Cachoeira do Campo que, com toda razão, têm muito orgulho da preciosidade que a cidade abriga.

O altar é de um riqueza impressionante, um negócio pra lá de rebuscado! É por isso que a Matriz de Nazaré é considerada uma joia do barroco mineiro. Seu estilo é chamado de estilo nacional português, que corresponde à primeira fase do barroco nas colônias portuguesas. O minimalismo passava longe!

Depois de babar no altar, ficamos babando na pintura do teto. Durante a restauração comprovaram que atrás da pintura atual do forro há uma pintura mais antiga. Os restauradores acreditam que a antiga tenha sido feita em 1751 pelo pintor português Antônio Rodrigues Belo. Ela pode ter sido a primeira pintura de Minas Gerais. A que vemos hoje foi feita 100 anos depois e representa a coroação de Nossa Senhora.

Ontem eu estava aqui reclamando do valor cobrado nas igrejas de Ouro Preto, então imaginem minha alegria ao descobrir que a visita à Igreja Matriz de Nossa Senhora de Nazaré em Cachoeira do Campo é gratuita! Em beleza ela não ficou devendo nada às igrejas do centro de Ouro Preto e ainda tivemos direito à visita guiada – e apaixonada! – do Nilsinho!

COMO CHEGAR EM CACHOEIRA DO CAMPO

Se você for de carro saindo de Belo Horizonte, Cachoeira do Campo fica antes de Ouro Preto, na BR-356, do lado esquerdo da rodovia. Se precisar procurar no mapa, a igreja fica na Praça Felipe dos Santos. Falta sinalização turística na cidade, acho que vimos uma única placa para a Matriz de Nazaré.

Ainda estou tentando descobrir as opções de transporte público para lá. Está na hora de Ouro Preto colocar seus distritos na rota dos turistas!

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