Muita gente já me perguntou como é que uma pessoa que gosta tanto de cidades históricas como eu ainda não tinha ido à Itália. Pois agora eu respondo: não sei nem por onde começar a planejar uma viagem para lá! São tantas cidades, roteiros, atrações naquele pequeno pedaço de terra que eu simplesmente travo só de olhar para o mapa! Isso acontece com muitos países da Europa, mas com a Itália parece pior. Então, quando compramos a passagem para Tbilisi e ganhamos duas longas conexões compulsórias em Roma, na ida e na volta da viagem para Geórgia e Armênia, eu vi que tinha chegado a hora de colocar meus pés na Itália. Eu sabia que um dia em Roma seria muito pouco, mas já daria para ter um gostinho.

As conexões foram realmente longas, das 7 da manhã às 10 da noite, mas ainda assim preferi não planejar nada. Roma seria um bônus na viagem e eu ficaria satisfeita só por passear sem rumo pela cidade. Além disso, o Eduardo já conhece bem a Itália, então também não estava ansioso para visitar nada. Teríamos um dia inteiro para flanar à vontade, sem pressa. Mas sabe que me surpreendi? Um dia em Roma rendeu muito mais do que eu imaginava! Vou contar para vocês como ele foi do início ao fim.

Guarda-volumes no aeroporto

Para começar, a bagagem! Apesar de estarmos viajando só com a bagagem de mão e de nossas mochilas estarem pesando apenas 6 kg cada uma, carregá-las o dia todo seria horrível. Preferimos andar só com a mochilinha dobrável e deixar as mochilas maiores no aeroporto.

O guarda-volumes fica no desembarque internacional do Terminal 3, no final do corredor. Ele fica aberto das 6h30 às 23h30 e cobra 6 € por volume depositado. O pagamento é feito no momento da retirada. Consulte informações atualizadas no site do aeroporto.

Do aeroporto ao Coliseu

Ah, como é fácil viajar pela Europa! Há várias opções de transporte, as informações estão na internet, é tudo fácil! Não faltam informações sobre como ir e voltar dos aeroportos de Roma. Há opções para todos os gostos. Veja qual a melhor opção para você neste post no Viaje na Viagem.

Nós preferimos o Leonardo Express, o trem que conecta o Aeroporto Fiumicino à estação de trem Termini sem paradas no caminho. A viagem dura 32 minutos. Os trens partem a cada meia hora. Os bilhetes podem ser comprados nas máquinas de autoatendimento ou nos guichês. É tudo muito fácil e intuitivo. Antes de entrar no trem, lembre-se de validar seu bilhete nas maquininhas que ficam espalhadas pela área de embarque.

Na estação Termini pegamos a linha B do metrô e descemos na estação Colosseo. Acho que até daria para fazer o percurso a pé, mas seria uma caminhada desnecessária. Compramos o guichê individual nas máquinas de autoatendimento.

O Coliseu

A saída do metrô foi impactante. Eu não esperava sair e já dar de cara com o Coliseu! Mas lá estava ele, símbolo de milênios de história.

Eu não tinha comprado o bilhete com antecedência, mas recomendo que você o faça se quiser evitar filas. O método que eu utilizei para não passar horas na fila foi outro: chegar cedo. Chegamos ao Coliseu num domingo às 9 da manhã e a fila era minúscula. Outra dica é começar o passeio pelo Foro Romano, pois o bilhete é integrado e geralmente a fila do Foro Romano é menor que a do Coliseu. Veja este vídeo da Patricia/Turomaquia para mais detalhes. O bilhete que dá acesso ao Coliseu e ao Foro Romano custa 12 €.

Tem gente que vai querer me matar, mas vou confessar que o Coliseu não foi o que mais me marcou em Roma. Por fora ele me impressionou mais do que por dentro. Talvez uma visita guiada tornasse a visita mais interessante, mas como é justamente  história do Coliseu que me entristece, não sei se seria melhor ou pior. Só de imaginar as atrocidades que foram cometidas naquela arena… Culpa de livros que li e que deixaram imagens horríveis gravadas na minha cabeça! Mas essa minha primeira visita foi superficial e eu nem pretendia que fosse mais que isso. Foi só uma amostra de Roma e do Coliseu e numa próxima viagem pode ser que seja tudo diferente. De qualquer forma, ver de perto um monumento que carrega tanta história foi sim impressionante!

Palatino e Foro Romano

Do Coliseu comecei a avistar o que realmente me encantaria em Roma: diferentes camadas de história sobrepostas. Lá estava o Arco de Constantino, o Palatino, o Foro Romano. Nossos próximos passos foram por esses lugares. Não vou nem tentar falar sobre algum monumento específico, porque eu não me preocupei com isso enquanto estava lá. O conjunto me impressionou e me bastou estar ali, caminhando entre ruínas de outras épocas.

E que lugar lindo! Que vistas fantásticas! Como chegamos lá ainda de manhã, o Foro Romano estava vazio. Conforme o tempo passava, foram chegando os grupos e ele foi enchendo, mas antes disso tivemos bastante tempo para passear com calma. Eu poderia ter passado horas por ali. Que lugar fotogênico!

Saindo do Foro Romano passamos pela Piazza Venezia e pelo Monumento Nacional a Vítor Emanuel II ou Altar da Pátria, uma construção enorme! É possível subir ao topo do monumento, mas eu só descobri isso depois. A vista lá de cima com certeza é fantástica!

Nesse ponto do passeio já estávamos com fome, então procuramos um lugar para almoçar. Pesquisando na internet, descobrimos que havia um lugar chamado Universo Vegano na Piazza del Paradiso, não muito longe de onde estávamos, então fomos para lá. Vi que há várias lojas espalhadas pela Itália (veja no site). É sempre bom ter um restaurante vegetariano por perto! Os preços são bem acessíveis.

Piazza Navona

Nosso roteiro não teve nenhum planejamento. Fomos andando ao sabor do vento. Nosso único mapa da cidade era o Google Maps no celular e os próximos destinos iam sendo escolhidos à medida em que nos aproximávamos deles. O Eduardo tinha algumas lembranças de quando esteve em Roma pela primeira vez, em 2001, e um dos lugares dos quais ele se lembrava era a Piazza Navona. Linda, linda!

Panteão

Nossa próxima parada estava a poucos metros de distância: era o Panteão. Ah, foi ali que eu me apaixonei! Que lugar lindo! Sem contar que ele é o monumento mais bem conservado da Roma antiga, então impressiona não só por sua beleza. Hoje é um templo católico, mas foi construído na era pagã e dedicado a vários deuses. Fiquei boquiaberta e com o pescoço doendo de tanto olhar para cima.

Fontana di Trevi

Ainda bem que eu já sabia que a Fontana di Trevi estava sendo restaurada, pois seria muito decepcionante ter uma expectativa e dar de cara com ela toda coberta. Muita gente foi pega desprevenida durante o ano em que as obras aconteceram. Em novembro de 2015 ela foi reinaugurada, então numa próxima vez em Roma poderei vê-la em todo seu esplendor.

Piazza di Spagna

Andamos mais um pouco pelas ruelas apinhadas de gente de Roma e chegamos à Piazza di Spagna. A igreja no topo da escadaria – Trinità dei Monti – também estava em reforma, mas não teve problema, porque pra mim o melhor da praça nem foi a vista. Quer dizer, até foi, mas a vista das pessoas que passavam de lá para cá o tempo todo. Passamos muitas horas sentados na escada, tanto nesse dia quanto na conexão na volta da viagem, quando ela estava coberta por vasos de flores.

Entre um ponto e outro, Roma não deixava de me surpreender. Mesmo as ruas sem atrações eram interessantes. Se bem que eu acho que o mais certo é dizer que tudo no centro histórico de Roma é uma atração. Escolhíamos as ruas mais bonitas ou às vezes as mais vazias. Isso não era tarefa fácil, pois Roma estava totalmente lotada de turistas. Gente, eu estou mal acostumada com destinos pouco visitados, não estou preparada para lidar com multidões! Fiquei assustada!

Piazza del Popolo

No meio desse mar de gente fomos navegando de praça em praça. A próxima e última desse roteiro improvisado foi a Piazza del Popolo. Mais uma praça linda, marcada por suas igrejas gêmeas, Santa Maria Montesanto e Santa Maria dei Miracoli.

Passeggiata del Pincio

Para encerrar, subimos à Passeggiata del Pincio, que fica em frente à Piazza del Popolo. Havia mais para ser visto por ali, logo atrás estava a Villa Borghese, mas estávamos cansados, já tínhamos andado o dia todo. Ficamos contentes de sentar no banco da praça e aproveitar a vista. E que vista!

Nesse ponto já era 16h. Ainda tínhamos tempo, nosso voo para Tbilisi só sairia às 22h, mas estávamos satisfeitos. Tínhamos visto muito mais do que imaginávamos ser possível em um dia. É claro que não visitamos nada a fundo. O único lugar que pagamos para entrar foi o Coliseu e mesmo lá nossa visita foi rápida. Nosso objetivo era flanar por Roma, sem estresse, e isso nós fizemos muito bem.

A época ajudou. Era final de março e o clima estava ótimo, fresco na sombra e quentinho no sol. Se estivesse muito quente com certeza nossa caminhada não teria sido tão agradável. Sem contar que era uma conexão, aquele dia em que a gente toma banho de lenço umedecido. Vocês sabem como é…

Da Piazza del Popolo caminhamos até a estação Termini e pegamos o Leonardo Express de volta ao aeroporto. Chegamos com tempo de sobra para pegar nossas mochilas no guarda-volumes, passar pela imigração e descansar um pouco antes do próximo voo. Foi uma conexão muito tranquila e bem aproveitada.

Nosso dia em Roma ficou registrado também em um curto vídeo com algumas imagens da cidade. Me perdoem pelas imagens tremidas, ainda tenho muito o que aprender sobre vídeos.

BÔNUS: Mais um dia em Roma

Na volta da Geórgia tivemos outra conexão longa em Roma, tão longa como a primeira. Repetimos a logística: Leonardo Express e metrô para chegar ao centro histórico. Dessa vez fomos direto para o Vaticano.

Piazza di San Pietro

Chegamos à Pizza de San Pietro, ou Praça de São Pedro, por volta das 9h da manhã de um domingo de abril. Nossa humilde pretensão era entrar na Basílica de São Pedro. Não era Semana Santa ou qualquer dia santo, já aviso. Eu tinha lido que as filas para entrar na igreja eram constantes, mas que andavam rápido. Bom, não sei se a fila estava maior ou mais lenta nesse dia, mas ela não andava rápido não. A fila dava a volta na Praça de São Pedro inteira, fazia um retorno e crescia novamente no sentido contrário.

Como eu já falei para vocês, não estou acostumada com destinos badalados. Para falar a verdade, filas me irritam. Minha vontade de entrar na Basílica de São Pedro não era tão grande a ponto de eu perder horas naquela fila, então tiramos algumas fotos da praça e seguimos viagem. Numa próxima vez em Roma, caso eu faça questão de visitar a igreja, me programarei melhor para evitar filas.

Il Gelato di San Crispino

Imperdível mesmo para mim era experimentar um autêntico gelato italiano. Eu não tinha levado nenhuma indicação, mas por acaso acabei entrando em uma sorveteria que depois soube que é bem tradicional e famosa entre os turistas: Il Gelato di San Crispino. Deu para perceber que os brasileiros são fregueses constantes porque o atendente soube que eu era brasileira assim que abri a boca.

Basilica di Santa Maria Maggiore

Almoçamos, fiz umas comprinhas na Lush (mesmo em euro, era mais barato comprar o shampoo sólido lá que no Brasil), tomei o gelato e bateu uma preguiça. Dessa vez estávamos ainda mais sem rumo que na conexão na ida, sem contar que estávamos cansados das três semanas de viagem. Procuramos então no mapa alguma atração que ficasse próxima à estação Termini e descobrimos a Basilica di Santa Maria Maggiore, igreja considerada por muita gente a mais bonita de Roma. Não sei porque não tirei nenhuma foto da parte de trás da igreja, que é ainda mais bonita que a frente.

Por dentro também ela é maravilhosa. E sabe o que foi mais legal? Ao contrário das outras atrações de Roma, essa não estava lotada. Não consegui entrar na Basílica de São Pedro, mas pelo menos vi a beleza das igrejas de Roma na Basilica di Santa Maria Maggiore. ;-)

E assim encerramos nossos dois dias de longas conexões em Roma. Na verdade acho que posso dizer que passei só um dia em Roma, pois, como vocês viram, o segundo dia não foi bem aproveitado. Daria para ter visto e feito muito mais com algum planejamento, mas não era essa nossa intenção. Roma é uma cidade de infinita atrações e tentar esgotá-las em pouco tento seria bobeira. Fiz em Roma o que mais gosto: andar sem compromisso, sentar nas praças para passar o tempo e me deliciar com o patrimônio histórico a céu aberto. Foi uma ótima forma de começar a aproveitar a Itália da qual eu tenho tanto medo. :-)