Cruzília e o Museu do Mangalarga Marchador

A viagem foi decidida de última hora. Estávamos em Campos do Jordão e resolvemos voltar para casa pela Estrada Real, parando em todas as cidades possíveis no caminho e ficando nelas o tempo que cada uma pedisse. Sem guia ou roteiro, sem uma lista de atrações a visitar. E assim chegamos a Cruzília.

Cruzília

Cruzília - Prédio dos Correios

Era um sábado à tarde e as ruas da cidade estavam bem vazias. Sem planos, demos uma volta de carro em busca de casarões antigos, de prédios que nos mostrassem que realmente estávamos na Estrada Real. Encontramos alguns, mas depois descobri que o verdadeiro patrimônio histórico de Cruzília está nas fazendas nos arredores da cidade.

Cruzília - Escola Estadual São Sebastião

Igreja de Nossa Senhora do Rosário - CruzíliaIgreja Matriz de São Sebastião de Cruzília

Cruzília

MUSEU NACIONAL DO CAVALO MANGALARGA MARCHADOR

Já estávamos encerrando nossa rápida passagem por Cruzília quando vimos que uma dos lindos casarões perto da Igreja Matriz era na verdade um museu. Ele parecia ter sido restaurado recentemente, o prédio chamava atenção. Chegamos mais perto e vimos que estávamos no Museu Nacional do Cavalo Mangalarga Marchador. Depois eu soube que a casa pertenceu à Fazenda Bela Cruz, uma das fazendas coloniais de Cruzília, herança de uma época em que os grandes fazendeiros costumavam ter uma casa na cidade para usar nos dias de festa na igreja.

Museu Nacional do Cavalo Mangalarga Marchador

Museu Nacional do Cavalo Mangalarga Marchador

Museu Nacional do Cavalo Mangalarga Marchador

Viajar sem planejamento nos brinda com algumas surpresas boas e conhecer esse museu sem aviso prévio foi uma delas. Eu não esperava encontrar um museu tão bonito e moderno em uma cidade que até então não me parecia ter tanto apelo turístico, como era o caso de Cruzília. O museu foi inaugurado em novembro de 2012 por iniciativa da ABCCMM – Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador.

Museu do Cavalo Mangalarga Marchador

Museu do Cavalo Mangalarga Marchador

É claro também que eu não sabia nada sobre o cavalo Mangalarga Marchador. Foi lá que eu descobri que essa raça surgiu no Brasil há cerca de 200 anos através do cruzamento da raça Alter, trazida de Portugal, com cavalos criados no Sul de Minas. A região não era rica em ouro, mas tinha potencial para a criação de animais, o que fez com que lá se desenvolvesse um centro criador de equinos. O Mangalarga Marchador teria surgido na Fazenda Campo Alegre, em Cruzília, então propriedade de Gabriel Francisco Junqueira, o Barão de Alfenas. (Fonte: ABCCMM)

Museu do Cavalo Mangalarga Marchador

O Mangalarga Marchador foi logo apreciado por possuir temperamento dócil, ser resistente e fácil de adestrar. Sua marcha era perfeita para as necessidades da época, pois ele podia transportar o cavaleiro por longas distâncias com comodidade (para o cavaleiro, claro). O Museu do Cavalo Mangalarga Marchador faz uma grande homenagem a essa raça de cavalos. Fiquei realmente impressionada com o museu, mas meus sentimentos foram ambíguos. Meu coração se dividiu entre a admiração por esses animais tão fortes e bonitos e minha repulsa à exploração animal, especialmente nos dias de hoje…

Museu do Cavalo Mangalarga Marchador

Museu do Cavalo Mangalarga Marchador

Museu do Cavalo Mangalarga MarchadorMuseu do Cavalo Mangalarga Marchador

Museu do Cavalo Mangalarga Marchador

A visita ao museu também me permitiu saber mais a respeito das fazendas históricas de Cruzília e região. São fazendas do período colonial, algumas delas desmembradas da Fazenda Campo Alegre, berço do Margalarga Marchador. Há dois tipos de roteiros possíveis: um que tem como foco as fazendas em que ainda existe a criação de cavalos e outro, que é o que me interessa, que inclui as fazendas com casarões históricos. A recepcionista do museu nos passou o telefone de algumas dessas fazendas, mas não conseguimos entrar em contato com nenhuma. Muitos telefones estavam desativados e outros simplesmente não atendiam. Quando voltei da viagem tentei mais uma vez contato pelos telefones e emails que encontrei, mas novamente sem sucesso. As informações que encontro parecem todas desatualizadas.

A única fazenda que descobri com certeza que recebe hóspedes no momento é a Fazenda São Pedro, de 1830, mas naquele dia ela estava fechada para um evento. As fazendas que aparentemente também recebem visitas, mas com as quais não conseguir falar, foram a Pouso do Barão (Fazenda São Sebastião) e a Fazenda Angaí (ou Angahy). Uma das mais famosos é a Fazenda Traituba, mas parece que há alguns anos ela foi vendida a um grupo de investidores e desde então está fechada à visitação. Uma pena…

Se você conhece alguma dessas fazendas que citei, me conta aí nos comentários! E se souber uma forma de entrar em contato com elas, por favor, compartilhe conosco! Eu fiquei morrendo de vontade de voltar a Cruzília para uma visita mais demorada, especialmente com foco nas fazendas históricas. Não desisti de encontrar mais informações!

Outra coisa que eu não sabia, é que Cruzília é famosa pela produção de queijos. Para saber mais, veja o post do blog Vida sem Paredes. Definitivamente, tenho que voltar!

Informações Práticas sobre o Museu do Mangalarga Marchador

Site oficial: www.abccmm.org.br/museu

Endereço: Praça da Matriz, Cruzília – MG

Telefone: (35) 3346-1022 / (35) 99915-6957 (whatsapp)

Horário de Funcionamento: De sexta a domingo, das 11h às 17h (E de terça a quinta, mediante agendamento)

Entrada: Gratuita

Fotografia: Permitida, desde que sem flash

Tempo de Visita: Pelo menos meia hora

Veja todos os posts sobre a Estrada Real no Viaggiando.

7 Comments

  1. Robson Ferraz

    ola Camila Navarro, também gostaria de ir a Cruzília, sou amante do cavalo Mangalarga Marchador, e sou fascinado com as histórias das Fazendas.

    Se vc conseguir os contatos me passa por favor, obrigado

  2. Cristina Penha

    Sou cruziliense e fiquei feliz por ver seu interesse em conhecer melhor certos aspectos da cidade.Amanhã mesmo irei procurar os contatos das fazendas citadas.Exceto a Fazenda Traituba,que ,infelizmente esta mesmo fechada à visitação,e era a mais bela de todas.Tive o enorme prazer de frequenta-la pois era amiga da familia .Conheço as outras fazendas tambem,embora não as visite ha muitos anos.Todas tem seu encanto e aquela maravilhosa energia das vidas e historias que passaram por ali.Assim como os cavalos,nosso queijo Cruzilia também é conhecido ,apreciado e premiado em todo Brasil e internacionalmente.O Gorgonzola azul é fantástico!Tambem amo os animais,especialmente os cães.E foi assim que cheguei até voce.Sou protetora e um caminhante da Estrada Real deixou aqui uma cadela que ele disse ter seguido-o desde Tiradentes.Entrei na net procurando os protetores de Tiradentes e não os encontrei.Logo te passo os contatos,inclusive de um hotelzinho para o Chivito .Apareça para conhecer nossos queijos e as fazendas.Melhor sorte para o Chivito na próxima viagem.

    • Camila Navarro

      Oi, Cristina! Espero ainda voltar a Cruzília, dessa vez com planejamento para conhecer as fazendas. Se conseguir informações sobre as visitas, vou adorar! Um abraço!

  3. Os queijos de Cruzília são realmente sensacionais, principalmente o Gorgonzola Azul! E tem o Santo Casamenteiro que acabou de ser premiado internacionalmente! Obrigada por citar o Vida sem Paredes e quando voltar lá, avise! Abraços!

  4. Estou planejando uma viagem ao circuito das águas e montando quais cidades farão parte do roteiro. Estou simplesmente louca para ir a Cruzilia… já está mais que marcado na minha rota srsrsr.
    Grande abraço!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.