Resolvi trazer para o blog um conteúdo que eu fazia no meu finado canal do youtube e que eu não gostaria que se perdesse num post efêmero no instagram, que é o resumo das minhas leituras do ano anterior, incluindo aquela lista que todos nós gostamos de ver: a das melhores leituras de 2021.
No ano passado eu li 71 livros e fiquei muito feliz ao constatar que 51 deles foram escritos por mulheres. É impressionante como a inversão da pirâmide acontece naturalmente depois que começamos a observar nossas estantes. Pelo menos foi assim para mim e para muitas pessoas que conheço.
Eu li autores de 36 países diferentes, sendo 19 para o Projeto 198 Livros. E do Brasil eu li 21 livros, o que também me deixou bem satisfeita. Muitos desses livros vieram do Clube de Literatura Brasileira Contemporânea, que me garante mensalmente a leitura de um bom livro nacional recente. Alguns deles aparecerão aqui embaixo!
Minhas melhores leituras de 2021
Eu não conseguiria elencar uma ordem de preferência, então trarei os livros na ordem em que foram lidos. Para não deixar esse post gigantesco, não falarei sobre o enredo deles, já que isso é facilmente encontrado em qualquer site de compras, mas apenas farei um pequeno comentário sobre a minha experiência de leitura. Bora lá?
Pachinko, Min Jin Lee
A essa altura, quem ainda não leu ou pelo menos não ouviu falar de Pachinko? Foi o primeiro livro que li em 2021 e senti que com ele iniciei o ano com o pé direito, ao menos nas leituras. Eu não sabia nada sobre a invasão japonesa na Coreia e aprender História acompanhando uma saga familiar é tudo que eu mais gosto!
My Cat Yugoslavia, Pajtim Statovci
Demorei a encontrar um livro do Kosovo para ler no Projeto 198 Livros, mas a espera valeu a pena. Mais uma vez foi o bom enredo aliado ao contexto histórico que me ganhou. É um livro meio maluco, com temas sérios, mas também divertidíssimo.
A Mão Esquerda da Escuridão, Ursula K. Le Guin
Em 2020 eu li Ursula K. Le Guin pela primeira vez. Comecei com Os Despossuídos e amei, foi uma das minhas melhores leituras daquele ano. Confesso que eu tinha um certo preconceito com A Mão Esquerda da Escuridão, sei lá, por já ter ouvido opiniões divididas, mas que bobeira! Já quero ler mais livros da autora, tenho certeza de que vou gostar deles também.
Atos humanos, Han Kang
Se A Vegetariana tinha me deixado um pouco confusa, com Atos Humanos Han Kang me arrebatou de vez. Um dos livros mais tristes e mais bonitos que já li e que fala sobre um evento histórico mais recente na Coreia do Sul sobre o qual eu também nunca havia ouvido falar. A autora mostrou uma enorme sensibilidade ao retratar essa história.
O homem que viu tudo, Deborah Levy
Ainda bem que eu não me propus a resenhar os livros, pois O homem que viu tudo seria complicado de resumir. Está aí um livro que brinca com nossas certezas num contexto histórico que por si só já é bastante confuso: o da Alemanha dividida. Acho que posso dizer também que é um livro divertido!
Detalhe Menor, Adania Shibli
Há uns anos, quando eu sorteei a Palestina no 198 Livros, li um livro da Adania Shibli chamado Touch, mas não achei que ele se encaixava bem no projeto e acabei escolhendo outra obra. Ainda assim, quando chegou aqui em casa Detalhe Menor, peguei para ler na hora. Que pequena joia é esse livro! Fiquei até com vontade de reler Touch, pois acho que naquela época talvez tenha me faltado sensibilidade para ler a autora.
The Time of Women, Elena Chizhova
Aos poucos estão chegando algumas autoras russas por aqui, mas a verdade é que a oferta em português fica muito, muito abaixo da oferta em inglês. E olha que mesmo em inglês eu percebo que o olhar se voltou para elas apenas na última década. Fico pensando que uma autora como Elena Chizhova deve demorar a aparecer no Brasil, mas The Time of Women venceu o Booker Prize russo quando foi lançado, em 2009.
She Would Be King, Wayétu Moore
Eu não sabia nem mesmo em que lugar da África ficava a Libéria ate chegar a vez de ler o país no Projeto 198 Livros e como foi bom conhecê-lo através dessa obra de Wayétu Moore. Eu gostaria tanto de ver livros como She Would Be King publicados por aqui!
Brazza, Mariana Brecht
Brazza foi um dos livros que recebi no Clube de Literatura Brasileira Contemporânea e quando comecei a ler eu não queria mais parar. Que escrita mais gostosa a da Mariana Brecht!
North and South, Elizabeth Gaskell
Ultimamente tenho lido mais romances contemporâneos e confesso que estava com saudade dos clássicos. Eu ainda não tinha lido Elizabeth Gaskell e resolvi começar por North and South. Fiquei surpresa com a crítica social que ele traz ao abordar a relação entre patrões e empregados em um cidade industrial no norte da Inglaterra. Adorei!
Afterlives, Abdulrazak Gurnah
O nome de Abdulrazak Gurnah era um dos poucos que apareciam quando eu pesquisava autores da Tanzânia e que alegria quando vi que ele ganhou o Prêmio Nobel de Literatura de 2021! Escolhi ler seu romance mais recente, Afterlives, para o Projeto 198 Livros e não me arrependi. Em breve ele será publicado no Brasil. Que bom!
Ao Farol, Virginia Woolf
Depois de algumas experiências mornas com outras obras de Virginia Woolf, fico feliz por poder dizer que com Ao Farol tudo mudou. Quanto mais penso sobre ele, mais gosto! Já estou ansiosa para me aventurar por outros livros dela. As Ondas será o próximo.
Nem sinal de asas, Marcela Dantés
Mais um recebido no Clube de Literatura Brasileira Contemporânea! Nem sinal de asas também foi a leitura do Leia Mulheres BH de novembro de 2021 e foi muito interessante participar das discussões sobre ele nos dois grupos. Após cada uma delas, minhas impressões sobre o livro cresceram ainda mais.
Vocês devem ter percebido que na lista acima constam apenas romances, não só porque é o gênero que mais li, mas em geral também meu preferido. Ainda assim eu não poderia deixar de citar outros dois livros que facilmente entrariam na lista, mas que destoam dos demais.
O primeiro é um livro de não-ficção chamado Por Que Nós Dormimos, do neurocientista inglês especialista em sono Matthew Walker. Se antes eu já sentia que uma noite mal dormida causava um grande estrago no meu corpo no dia seguinte, depois dessa leitura eu tive certeza. O sono de qualidade virou minha prioridade a partir dessa leitura.
O segundo é um livro de poesias, o gênero que menos li. Preciso comemorar o lançamento de Risque esta palavra, o mais recente da Ana Martins Marques, essa poeta que desmistificou a poesia para mim e que me encanta a cada obra sua que leio.
Foram então essas as minhas melhores leituras de 2021. Confesso que foi difícil montar a lista, muita coisa boa ficou de fora para que ela não ficasse enorme. Me contem nos comentários se vocês já leram alguns desses livros e o que acharam. E, principalmente, me contem quais foram as melhores leituras de vocês!
Espero que 2022 seja um ano melhor para todos nós, não apenas nas leituras!
Anotando na lista! Adorei as recomendações, Camila. Tô doida para ler Le Guin esse ano. Li um conto dela, “The ones who walk away from Omelas” e foi paixão à primeira leitura.
Adorei o post, Camila, e agora estou curiosa pelos livros da Mariana Brecht e da Marcela Dantés! Feliz 2022 :)
Adorei! E já adicionei alguns na minha lista. Desses o único que li foi “Atos Humanos”, não considerei uma leitura fácil, mas valeu à pena!
Vc ė uma leitora nota 10000