198 Livros: Tunísia – The Scents of Marie-Claire

198 Livros - TunísiaOs últimos sorteios pareceram até armação: foram três países árabes – Emirados Árabes, Tunísia e Omã – na sequência. O mais engraçado é que cada um deles foi sorteado por uma pessoa. O primeiro por mim, o segundo pelo Eduardo e o terceiro pela minha sogra. Agora aqui em casa é assim, cada um que passa sorteia um país. Achei até um pouco chato porque assim haveria uma espécie de concentração temática, mas sorteio é sorteio! Por outro lado, as pesquisas ficaram mais fáceis, já que eu estava um pouco por dentro da literatura árabe e conhecia o caminho para descobrir boas referências. As pesquisas sobre a Tunísia se mostraram mais promissoras que as dos Emirados Árabes desde o início, começando pelo fato de que havia mais opções interessantes disponíveis para kindle. Ao contrário dos outros países árabes que sorteei até agora, a produção de romances na Tunísia parece estar um pouco mais desenvolvida.

Descobri vários autores de romances tunisianos que me despertaram a atenção, mas, pra variar, eu não encontrei todos os livros traduzidos. O que eu queria mesmo ler era o último livro do escritor Habib Selmi, The Women of Al-Basatin, obra tida com uma profecia da Primavera Árabe na Tunísia. Foi lá que o movimento nos países árabes começou, no final de 2010. O livro é descrito como o retrato do dia a dia de uma família que vive no interior do país, das contradições da sociedade tunisiana e dos embates entre as tradições religiosas e o mundo moderno. Só há um probleminha: o livro ainda não foi traduzido para nenhuma língua e só pode ser lido em árabe. Mas há um outro livro bastante aclamado do mesmo autor, The Scents of Marie-Claire, traduzido para o inglês (e francês, alemão e italiano) e publicado em versão digital. Foi esse o livro que escolhi! Uma coisa que me chamou atenção foi o fato de que Habib Selmi, apesar de morar há muitos anos na França, nunca deixou de escrever em sua língua nativa, como muitos autores expatriados fazem. Em uma entrevista à revista Qantara, ele diz que continua escrevendo em árabe simplesmente porque ama a língua através da qual ele descobriu o mundo, a língua na qual ele sonha. Ele diz que também ama a língua francesa, assim como ama todas as línguas do mundo, mas que nenhuma delas pode substituir o árabe para ele. Isso para mim é um sinal de que ele mantém um vínculo forte com seu país de origem e pesou bastante na minha escolha.

The Scents of Marie-Claire é basicamente a história do relacionamento entre Mahfouth e Marie-Claire, da primeira troca de olhares entre eles à discussão que marca o final da relação, a partir do ponto de vista dele. The Scents of Marie-Claire - Habib SelmiDesde o início já sabemos que a história não tem um final feliz. O enredo se passa em Paris. Ele é tunisiano. Ela é francesa. Ele a ensinou a se lavar antes das refeições, pois a comida é sagrada. Ela o ensinou a apreciar o café da manhã, refeição que ele não conhecia em sua infância na Tunísia. Ela adora ir a restaurantes. Ele não entende a celebração coletiva dos franceses em torno da comida, que para ele deveria ser sempre modesta, como a mãe lhe ensinou. Ela adora viajar nas férias, explorar novos destinos e conhecer novas culturas. Ele vê as férias como uma oportunidade de ficar em casa descansando (pode uma coisa dessas?). Falando assim, parece que esse romance já estava fadado a terminar desde o começo, mas Marie-Claire e Mahfouth foram felizes durante um bom tempo.

O confronto entre as culturas árabe e ocidental está sempre presente no livro, mas Mahfouth faz de tudo para se adaptar aos padrões de Marie-Claire, com medo de perdê-la. Ainda assim, em algumas passagens é possível perceber que ele não conseguiu se adaptar totalmente à cultura francesa e que muitos valores de sua criação continuam fortemente presentes nele. É apenas em sonho que ele manifesta a verdadeira visão de seu relacionamento com Marie-Claire: ela não é sua esposa e eles estão vivendo juntos em pecado. E ele tem consciência de que perante os homens de sua cidade natal ele seria ridicularizado caso soubessem a forma como ele se comporta perante Marie-Claire.

É claro que isso nos leva a crer que o choque cultural é o responsável pelo fim do relacionamento, mas a verdade é que o motivo para esse fim não é tão óbvio. A maioria dos romances não termina assim, sem motivos aparentes? Não se sabe ao certo o que causou o desgaste da relação, mas aos poucos as coisas vão mudando e as pessoas não se enxergam mais como antes, até que a convivência se torna insustentável e o fim é inevitável. Foi o que aconteceu com Mahfouth e Marie-Claire.

Eu estava curiosa para ler esse livro, pois achava que seria difícil que ele fosse interessante sendo focado apenas no relacionamento de um casal, mas me surpreendi positivamente. Os diálogos são uma parte marcante da narração e contribuem para que exista uma dinâmica interessante. O autor conseguiu me envolver de tal forma que eu parecia sentir o mesmo que ele. No início, há apenas a adoração de Mahfouth por Marie-Claire, que ele descreve de forma linda e poética. Depois, quando a relação se transforma, eu conseguia sentir a angústia, o clima pesado no ar, a sensação de impotência que ele parecia sentir. E acho que só autores muito bons conseguem transmitir sentimentos e envolver os leitores com essa facilidade. E olha que eu li algumas críticas à tradução dizendo que ela às vezes foi muito seca e desajeitada, então imagino que o livro em árabe seja ainda mais bonito.

O livro não representa a Tunísia da forma como eu gostaria de abordar nesse projeto, mas a cultura árabe tem bastante voz no livro. Fiquei satisfeita com a minha escolha! E, depois dessa primeira experiência lendo Habib Selmi, com certeza vou querer ler The Women of Al-Basatin quando sua tradução for publicada. Espero que isso aconteça logo!

Ah! E tem uma passagem do livro que me rendeu boas risadas! Mahfouth não gosta de celebrar seu aniversário porque ele não tem certeza do dia em que nasceu. Ele diz que as pessoas nas áreas rurais não prestavam muita atenção às datas de nascimento naquela época e às vezes se esqueciam da data correta quando registravam os filhos, muito tempo depois. Só meus colegas de faculdade também vão achar graça, porque eles adoravam dizer que eu tinha sido registrada assim e que eu era bem mais velha do que minha carteira de identidade indicava. :-)

The Scents of Marie-Claire foi publicado originalmente em árabe, em 2008, e em inglês em 2010 pela  The American University in Cairo Press, que faz um ótimo trabalho de divulgação de obras árabes para o resto do mundo. A tradução é de Fadwa Al Qasem.

Mais alguns livros de autores tunisianos:

  • Talismano, Abdelwahab Meddeb
  • A Tunisian Tale, Hassouna Mosbahi
  • Waiting in the Future for the Past to Come, Sabiha Khemir
  • Las Moras Amargas, Muhammad al-Arusi Matwi
  • Les Amoureux de Bayya, Habib Selmi

Saiba mais sobre o Projeto 198 Livros.

51 Comments

  1. Lucimara Busch

    Camila, li A Estátua de Sal. Na época optei por ele por ser em português, claro rs. E agora esse outro aí ficará para minha próxima VAM rsrs

    • E o que você achou do livro, Lucimara? Ele deve ter te contado mais sobre a Tunísia do que o livro que nós lemos, né?

      • Lucimara Busch

        Eu gostei do livro Camila! É um romance autobiográfico, de um jovem judeu tunisiano, que é pobre, e que despreza seus costumes e sua cultura, sente-se perdido em sua identidade, vai em busca de descobertas, para ser alguém melhor, enquanto que a Tunísia está colonizada pela França. Isso acontece um pouco antes e durante a Segunda Guerra.

  2. Que pena que só agora li esse post, então não vi a sugestão de Wanessa sobre o outro livro da Tunísia. Também compartilho a opinião de vocês sobre a narrativa, que flui de maneira bastante leve. Quanto ao relacionamento dos dois, acho que estava predestinado a se acabar, pois pareceu que havia mas paixão que qualquer outra coisa e as diferenças culturais eram enormes. Eu fiquei com a sensação que ele era mais chato, desmancha prazer mesmo.

    • Carla Portilho

      Eu fiquei morrendo de vontade de ler esse outro livro da Tunísia…

      • Eu também Carla, como gostaria de poder dispor do meu tempo, para ler tudo que quisesse sem ter que parar………….rsrs. C’est la vie…..

        • Carla Portilho

          Nem me diga! Mas sabe que eu estou feliz que nós duas estamos conseguindo, mesmo que mais ou menos devagar, dar conta de ir lendo os romances?

          Eu achava que nunca mais ia conseguir conciliar tanta leitura de lazer com a minha rotina das leituras de trabalho – e estou contentíssima de já estar no 5o. romance!

  3. Carla Portilho

    Meninas, que frustração… Hoje mais cedo eu escrevi um comentário imenso que se perdeu na hora de postar (e eu não tinha backup, claro…) Vou tentar me lembrar mais ou menos o que tinha escrito, mas não sei se vou conseguir…

    ***SPOILERS***

    Bom, nem sei se vamos mesmo dar algum spoiler, porque o maior de todos foi dado pelo próprio narrador logo na primeira página. Logo no início Mahfouth conta que o relacionamento com Marie-Claire teve princípio, meio e fim…

    Um dos pontos mais positivos do livro para mim foi a narrativa em si. Que texto gostoso de ler!!! Se eu tivesse tido tempo de ler todos os dias, teria terminado rapidinho, porque, quando pegava, simplesmente não conseguia largar. Admiro de verdade um autor que tem o talento de entregar ao público uma história bem contada!

    Como disse a Wanessa em um outro comentário, esse é um livro que eu teria tido vontade de ler mesmo que não fosse parte do projeto. O enredo é bastante universal – afinal, dificuldades e desafios nos relacionamentos entre homens e mulheres existem desde que o mundo é mundo…

    No caso deles, me pareceu que uma fonte de conflito importante era mesmo a diferença cultural. Isso ficou muito claro pra mim naquela cena em que ele acha que Marie-Claire está dançando de forma “indecente” – e logo racionaliza que não tem nada de mais na dança. Nesse momento, ele se mostra o próprio sujeito do “entre-lugar”, que faz parte de duas culturas ao mesmo tempo. Ele não é mais o mesmo tunisiano que imigrou para a França, mas nunca vai ser francês – ele vai precisar negociar para sempre as duas culturas…

    (Mas claro que esse foi só um lado da questão… Às vezes eles brigavam e se desentendiam por umas bobagens tão grandes que eu tinha vontade de bater nos dois… Isso não deixa de ser realista também – qualquer relacionamento abandonado à própria sorte tende a azedar mesmo. Um bom relacionamento é uma conquista diária, dá trabalho, rsrsrs…)

    É muito interessante que só temos o ponto de vista do Mahfouth, já que ele é o narrador – tudo o que sabemos sobre Marie-Claire, por exemplo, vem filtrado pelo olhar dele… Ao mesmo tempo, ele não se poupa ao contar o fim do romance, e assume sua parcela de responsabilidade. Por outro lado, às vezes Marie-Claire me parecia uma pessoa difícil de lidar, um tanto quanto egoísta e imatura. Mas claro que isso pode ser apenas a percepção dele – seria muito interessante ler a narrativa dela, né?

    Acho que foi mais ou menos isso o que escrevi antes… Gostei muito do livro, mas senti falta de ver a Tunísia mais representada. No geral, não me parece que o romance tenha cumprido essa função “instrutiva”, embora tenha sido uma grata surpresa descobrir o autor! Vou aguardar ansiosamente que The Women of Al-Basatin seja traduzido para o inglês ou para o francês ou para qualquer língua que eu consiga ler… ;-)

    • Carla Portilho

      Ah, só um comentário mais: eu ia detestar viajar com alguém como Marie-Claire! Que “sargento”!!! A pessoa não admitia nem aproveitar um drinque ou uma prainha, Deus me livre, rsrsrs… Não concordo com essa ideia de que viajante tem que sofrer, não…

    • Carla, pra mim a narrativa também foi a melhor coisa desse livro. A leitura fluiu. Habib Selmi conseguiu me envolver completamente! É um daqueles livros que dá vontade de ler numa sentada, né? Também senti falta de mais Tunísia nesse enredo, mas já fiquei feliz por descobrir um novo bom autor. Com certeza vou ficar de olho nas próximas traduções dele!

      Às vezes as brigas deles também me davam raiva, mas a maior parte das brigas nos relacionamentos são assim mesmo, né? Quem vê de fora enxerga a futilidade dos desentendimentos, mas o casal se envolve naquilo e o mal estar vai ficando cada vez maior… Eu não consegui definir o motivo do fim do relacionamento deles. As diferenças culturais com certeza foram um componente importante, mas acho que não foi só isso. Senti que ele se desinteressou dela primeiro, parece que se cansou, apesar de ter umas recaídas e se apaixonar novamente por ela em alguns momentos. O divisor de águas para mim foi naquela noite em que ela pergunta algo sobre a mãe dele (já nem me lembro do diálogo exatamente) e ele acha ruim. Parece que a partir dali ele não conseguiu mais vê-la com os mesmos olhos.

      Ah! E eu não gostaria de viajar com nenhum dos dois! rsrs Ela é um general e ele quer só ficar passando o tempo e olhando pro nada! Dois opostos! Prefiro o meio-termo! Sei não, mas as férias podem ter sido o grande motivo da separação deles. ;-)

      • Carla Portilho

        Rsrsrsrs… É verdade, nenhum dos dois seria um bom companheiro de viagem – dois chatos!!! ;-)

    • Wanessa Lima

      Meninas, as minhas limitações para ler em inglês me impedem de tirar uma conclusão sobre a qualidade do texto em si – e isso é uma das minhas maiores frustrações até agora, porque sou dessas que gosta de um livro também pela forma e não só pelo conteúdo. Quem sabe, com o passar dos anos, vou superando essa dificuldade.

      Também não consegui identificar um motivo isolado para o rompimento. A minha impressão foi de que faltou uma parte da história, um capítulo ali no meio, e acho que o autor tinha essa intenção mesmo, de não atribuir nenhuma culpa direta a nada ou
      a ninguém. Mais uma vez, o narrador em primeira pessoa impede que a gente tenha uma visão mais isenta dos fatos. E como eu adoro esses enigmas! Outro dia, estava conversando sobre o medo que tenho de reler Dom Casmurro – que foi o primeiro livro que me fez perceber o poder dessa forma de narrativa -, e de me decepcionar com ele, porque essa descoberta foi uma revolução pra mim.

      Gostei demais do livro e também procurarei novidades do autor depois.

      P.S.: Marie-Claire era mesmo muuuuito chata quando o assunto era viagem! :-)

      • Carla Portilho

        Wanessa, você já está treinando o seu inglês de uma das melhores formas – logo, logo você vai estar trocando mil ideias com a gente sobre os textos, você vai ver só…

        Sobre Dom Casmurro, pode reler sem susto, viu? Aquele narrador do Machado de Assis não perde o encanto nem que seja lido mil vezes! Pelo contrário, a cada leitura a gente vai encontrando novas nuances…

      • Wanessa, acho que meu inglês não é tão avançado quanto você pensa! Não sei se consigo reconhecer as técnicas de escrita, o que eu reparo é mesmo no sentimento que o livro desperta em mim, a fluidez da leitura. E o vocabulário mais fácil com certeza ajuda nisso!

        Eu li Dom Casmurro na adolescência e morro de vontade de reler para saber qual seria minha impressão agora. ;-)

  4. Wanessa Lima

    Carla e Ana Luiza, nas pesquisas para os destinos sorteados ontem pela Camila, acabei descobrindo um livro tunisiano em português…
    A Estátua de Sal, de Albert Memmi.

    Segundo o goodreads, é um romance autobiográfico de um menino crescendo na Tunísia durante o período de colonização francesa. Está baratinho na Estante Virtual. Esse vai ficar na minha lista pra depois também…

    • Como é que a gente não descobriu esse livro antes???

      • Wanessa Lima

        E eu que estava fazendo tanta questão de um livro mais específico, Camila, nem acreditei quando vi! Descobri nas sugestões da Estante Virtual a partir de uma pesquisa por aquele livro de Mali. Vou prestar mais atenção nessas sugestões!

    • Carla Portilho

      Caramba, que achado…

      E lá vai mais um pra listinha da segunda VAM dos Livros…

  5. Lu Malheiros

    Procurando um livro que não fosse um tratado de história sobre os árabes, acabei comprando o livro “Árabes” do Mark Allen e editado pela Nova Fronteira. Como uma introdução ao assunto achei muito bom!
    Bjs

  6. Wanessa Lima

    Meninas, estou na metade da Tunísia, mas voltei atrás na minha escolha e passei para The Scent of Marie-Claire. Desisti
    de “Talismano” depois de duas noites de esforço e pouquíssimo
    avanço. Nem tinha como vocês me ajudarem, porque a questão não é apenas a
    compreensão de um ou outro parágrafo, mas do “todo” mesmo. Não sei se
    dá para chamar a narrativa de “fluxo de pensamento”, mas, se não for exatamente isso, é parecido, e assim percebi que ainda dependo muito do contexto e de uma narrativa linear pra conseguir compreender um texto em inglês. Aí, fui para o conforto de “The scent of Marie-Claire” e foi uma ótima decisão, estou gostando muito!

    • Os comentários da Ann Morgan sobre Talismano me desanimaram. Se ela, lendo em sua língua nativa, sentiu dificuldades, imagina eu! E agora a sua impressão só confirma que não é mesmo fácil. Mas que bom que você deu outra chance ao país e está gostando de The Scents of Marie-Claire! O problema vai vir quando não tivermos opções para trocar. ;-)

      • Carla Portilho

        Se a narrativa de Talismano é mesmo em fluxo de consciência, não deve mesmo ser simples de ler, não… Mas podemos guardar a dica para a segunda VAM dos Livros, não?!? ;-)

      • Wanessa Lima

        Eu sou teimosa, Camila, sabia das dificuldades que a leitura desse livro impõe, mas tinha de ver com meus próprios olhos! rsrsrs Fiquei feliz com The Scent of Marie-Claire, porque é o tipo de livro que eu leria mesmo fora desse projeto. Só senti falta de conhecer um pouco mais da Tunísia…
        Sobre a falta de opções, me lembrei de uma coisa: algum progresso em relação a Palau? Li no facebook que você pretendia entrar em contato com a escritora do manuscrito que a Ann Morgan leu.

        • Wanessa, eu também senti falta de mais Tunísia no livro, mas teremos que esperar a tradução do outro livro do Habib Selmi. Para a outra VAM, como disse a Carla. ;-)

          Sobre Palau, a situação é mesmo grave. Parece que não há mesmo nenhuma opção. Podemos esperar mais e torcer para que até o final do projeto apareça algum livro ou tentamos ler um livro de um autor de fora que fale sobre Palau.

          • Carla Portilho

            Pois é, eu acho que vale a pena deixar Palau em stand by… Um destino tão difícil sorteado logo no início do projeto pode ser “empurrado” pro fim da fila sem maiores prejuízos – e ainda podemos dar a sorte de que apareça algum livro de um autor nativo!

  7. Marina Vidigal

    Também adorei o livro. No inicio me encantei das descrições ele fez dela, das descrições da infância (completamente diferente dos nossos padrões) e por ai vai, acho q nessa salada e meia de descrições aprendi a ver beleza nas palavras e nos detalhes.
    Já atrasada, porém feliz, Argentina lá vou eu!

    • É uma leitura gostosa, né Marina? No início achei que iria ficar meio entediada, mas achei que o livro flui muito bem. Que bom que você também gostou!

      • Wanessa Lima

        Marina, para ver como um livro atinge cada leitor de forma diferente… achei a descrição da infância de Mahfhout tão universal! Para mim, a diferença está entre a vida de uma criança de cidade grande e a de uma criança vivendo isolada, no meio rural. Mas, entre as que compartilham a mesma condição, achei tudo meio parecido, seja na Tunísia, seja no Brasil. Talvez eu pense isso porque me lembro de descrições bem semelhantes às de Mahfouth em Menino de Engenho e Doidinho, de José Lins do Rego (escritor paraibano)…

  8. Wanessa Lima

    Camila, dessa vez, vou ler algo diferente de você: escolhi o Talismano, também disponível para Kindle. Devo começar apenas amanhã (tô no finzinho de The Sand Fish) e nem sei se vou dar conta (dessa vez, pode ser que precise da ajuda da Carla…), porque li no goodreads que a linguagem do livro é meio complicada, além de ter várias referências inacessíveis aos não iniciados na cultura árabe. Mas vou pelo menos tentar. Se não der certo, volto para o seu escolhido. Pela sua resenha, já sei que vou gostar dele.

    Também fiquei interessada por esse outro livro do Habib Selmi. Uma pena ainda não ter saído tradução ainda, pois ele seria ideal…

    • Carla Portilho

      Wanessa, sempre que precisar, me aciona que eu te ajudo no que puder, Ok?

      Eu fiquei bem curiosa com o Talismano também… Ainda não decidi 100%, porque ainda estou na Rep.Tcheca, e ainda vou para os EAU – mas acho que vou seguir a escolha da Camila, porque esses choques culturais sempre me interessam… (Tem destinos que dão vontade de ler um monte de livros, né?)

    • Também fiquei tentada a ler Talismano, mas The Scents of Marie-Claire tinha tantas indicações que não resisti.

      Vamos fazer uma campanha para que The Women of Al-Basatin seja traduzido direto para o português? Vocês conhecem alguém que fale árabe? rsrs

      • Wanessa Lima

        Menina, se tivesse uma editora querendo publicar, tradutor, já tem: Mamede Mustafa Jarouche, que traduziu as 1001 noites direto do árabe para o português e que traduziu um livro semelhante, chamado 101 noites, mas cujas histórias têm origem… tunisiana! Também descobri isso esse fim de semana:
        http://www.livrariasaraiva.com.br/produto/466614

        http://veja.abril.com.br/blog/meus-livros/entrevista/mamede-mustafa-jarouche-ebulicao-revolucionaria-e-ebulicao-literaria/

        • Wanessa, eu descobri o Mamede quando tava pesquisando sobre os Emirados Árabes. Cheguei a mandar um email pra ele para trocar umas idéias sobre literatura árabe, mas ele não me respondeu.. rsrs Ele me pareceu o maior estudioso do assunto no Brasil.Nos EUA já está havendo incentivos para tradução de obras que falam da revolução no Egito, mas não sei se esse interesse chega até o Brasil. Nós temos um mercado tão grande, será que não é mesmo vantajoso traduzir as obras aqui? Queria muito que esse cenário mudasse, pois com esse projeto tenho visto o quanto nosso acesso à literatura mundial é restrito.

          • Carla Portilho

            O grande problema, que até acredito que não seja só nosso, é que a literatura é tratada como comércio. Me lembro que uma vez, quando dava plantão em uma editora, ouvi a diretora comercial dizendo ao telefone: “Eu não quero saber se o livro do fulano é bom; eu quero saber se vende!” Essa postura explica muita coisa no nosso mercado editorial…

            Voltando ao Jarouche, vocês viram o quanto é linda a edição das 1001 Noites que ele traduziu? Esse é um presente que eu com certeza vou me dar!

            • Wanessa Lima

              Eu bem que gostaria de conhecer um pouco mais a fundo o mercado editorial, porque os preços dos livros realmente assustam, especialmente os que não são best sellers. A faixa é de R$ 50,00 para livros de 300, 400 páginas.

              Carla, vi a edição das 1001 Noites ao vivo e é linda mesmo. Mas eu tenho até pena de ler um livro desse tipo e estragar!

  9. Carla Portilho

    Estou lendo a sua resenha e morrendo de rir, porque meu marido compartilha a opinião de Mahfouth! Férias, para ele, são para ficar em casa e descansar – é um suplício convencê-lo a sair de casa, por uma semana que seja!!! ;-)

  10. Carla Portilho

    Camila, fiquei morrendo de vontade de ler o outro livro do Habib Selmi… Essa VAM dos Livros vai deixar a gente com vontade de saber outras línguas… Só disponível em árabe?!? Assim não vale…

    • Carla, eu fiquei super interessada nesse livro! Vamos torcer para que seja traduzido logo! Ou melhor, pode até demorar um pouco, pois no momento nossa lista de leitura está bem grande. ;-)

      • Carla Portilho

        Acho até melhor que demore um pouquinho… Estou compilando as dicas, e já vi que vai ser necessário dar umas 3 ou 4 voltas ao mundo dos livros, rsrsrs…

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