Portugal além do bacalhau (ou Portugal para vegetarianos)

Ser vegetariano em Portugal não é tarefa fácil. O cardápio na maioria dos restaurantes costuma se dividir em três partes: peixes, carnes e sobremesas. Com muita sorte, há um espaço para omeletes. Mesmo quando há uma opção sem carne, a escolha pode ser complicada, pois ela pode se chamar simplesmente “prato vegetariano”, sem maiores explicações. O bom é que quase todos têm o cardápio do lado de fora, então eu já entrava sabendo o que esperar. Os veganos passam ainda mais aperto, já que nem os doces de Portugal eles podem aproveitar. Como o Eduardo não é vegetariano, minha situação ficou complicada. Ele queria experimentar os pratos típicos (bacalhau!) e muitas vezes nos deparávamos com restaurantes que não tinham um único prato que eu pudesse comer. Em compensação, a maioria dos portugueses que conhecemos eram muito simpáticos e nessas horas se ofereciam para criar um prato para mim, então às vezes saía um macarrão ou arroz com legumes feito sob medida.

Para facilitar a vida de outros vegetarianos que visitam Portugal ou mesmo a de quem se cansar do peixe de todo dia, vou deixar aqui algumas dicas de restaurantes vegetarianos ou com opções vegetarianas testadas e aprovadas por mim. São apenas algumas opções em Portugal para vegetarianos, mas tenho certeza de que essa lista pode ser bem maior. Bom apetite! :-)

PORTO

Porto foi a cidade em que eu comi melhor. Acho que por ser uma cidade universitária cheia de jovens, o cenário gastronômico acaba sendo mais diversificado. Na nossa primeira noite em Porto, um domingo, poucos restaurantes estavam abertos, então seguimos a dica da recepcionista do hostel em que estávamos hospedados e fomos jantar lá perto. Por fora o restaurante O Caçula (Praça Carlos Alberto, 47) nem parecia grande coisa, mas quando entramos vimos que ele era todo moderninho. Pedimos uns pãezinhos de entrada e, na hora de escolher o prato principal, fiquei até perdida. Depois de duas semanas comendo o que aparecesse, três opções de pratos eram uma verdadeira fartura! ;-) Escolhi os “bolinhos de soja grelhados com salada de 4 folhas e batata crocante”. Eu nunca imaginei que pudessem fazer um prato tão gostoso à base de soja!  O Eduardo pediu um bacalhau e ambos os pratos estavam deliciosos e lindamente servidos. Para mim, foi uma das melhores refeições da viagem. Nosso jantar saiu por 35 €. O site do restaurante tem o cardápio com os preços.

Ainda pertinho do hostel, conhecemos o Bugo Art Burgers (Rua Miguel Bombarda, 598), cujo nome já entrega que a especialidade da casa são os hambúrgueres. A maioria é servido no prato com guarnições como arroz ou batata, então na verdade são refeições completas. Para os vegetarianos há três opções de hambúrguer: grão de bico, feijão preto e lentilhas. Eu pedi o de grão de bico com chutney de manga, salada e batata assada com alecrim. Estava tão gostoso que eu fiquei morrendo de vontade de voltar para experimentar outros sabores e combinações. Pena que não deu tempo! Nossos pratos com bebidas custaram 27 €. Dá para consultar o cardápio com os preços pelo site.

Na hora do aperto ou se estiver querendo economizar, dá para matar a fome no Piolho (Praça Parada Leitão, 45), o reduto dos estudantes de Porto. É um bar/restaurante tradicional que fica aberto o dia todo. Pode ser uma boa opção para um chopp e um lanche simples no fim de um dia de passeios. Para minha surpresa, havia até um hambúrguer de vegetais! O Eduardo pediu um peixe com arroz e um fino, como é chamado o chopp por lá, e nossa conta saiu por 11 €.

LISBOA

Já contei aqui no blog que eu tenho uma certa dificuldade para comer bem em cidades grandes. O excesso de opções me paralisa e não tenho paciência para restaurantes badaladinhos ou para fazer reservas. Gosto de sair andando e entrar ao acaso de acordo com a cara do lugar. Em Lisboa não foi diferente e muitas vezes acabávamos entrando na primeira porta que aparecia quando já estávamos morrendo de fome. Para compensar, conhecemos um restaurante vegetariano bem legal, o Jardim doSentidos (Rua da Mãe d’Água, 3). O Eduardo comeu o “strogonoff de vegetais e frutos secos” e eu o “bife de seitan à parmegiana”. A comida era deliciosa e bem farta! Nosso jantar custou 25 €.

E quando bater o desespero por não encontrar nada para comer, é só entrar no primeiro restaurante indiano que aparecer! Sempre há muitas opções vegetarianas na comida indiana e essa dica vale para qualquer lugar do mundo. Em Lisboa, comemos no Tamarind (Rua da Glória, 43), o indiano mais famosinho da cidade e que ficava quase ao lado do nosso hotel. A comida estava ótima e bem servida, mas um pouco cara se comparada à maioria das refeições da viagem. Nosso jantar custou 33 €.

SINTRA

Em Sintra, nem precisamos andar muito para descobrir um bom lugar para almoçar: ele estava no andar debaixo do quarto em que estávamos hospedados! O Espaço Edla (Rua Dr. Alfredo da Costa,52) tem um lindo salão de chá e na hora do almoço serve um menu do dia que inclui entrada, prato principal, suco e café por míseros 5,50 €. E o mais legal é que sempre há uma opção com carne e uma vegetariana. Como o almoço será muito barato, aproveite para pedir uma das lindas tortas de sobremesa! Os doces por lá são deliciosos!

GUIMARÃES

Depois do que li sobre Flor de Tangerina (Largo Martins Sarmento), fiz questão de conhecê-lo. O espaço, que faz parte de uma cooperativa que defende o desenvolvimento sustentável, é um restaurante vegetariano que utiliza apenas produtos orgânicos. Mas não se engane pensando que se trata de uma comida natureba sem graça! Os pratos são elaborados e cheios de sabores. O cardápio do dia incluía sopa, pão, prato principal, sobremesa, bebida e café por míseros 8,70 €! Tudo era delicioso, mas o suco merece um elogio especial. Que delícia! O ambiente é super agradável e algumas mesas ainda contam com uma ótima vista para o Paço dos Duques, que fica logo ao lado. Vale a pena conhecer!

ÓBIDOS

Se você não passar correndo por Óbidos e tiver tempo para fazer pelo menos uma refeição na cidade, o Petrarum Domus (Rua Direita, 38) é o restaurante que eu indico. Ele tem todo um estilo medieval que combina bem com o clima de Óbidos. Para mim havia uma única opção de prato, um tagliatelle com legumes, e só porque eu não queria repetir é que não voltamos lá mais vezes. Nosso jantar custou 26 €.

Os valores citados já incluem as bebidas (suco, refrigerante ou cerveja) e as gorjetas. Em Portugal elas não são obrigatórias como no Brasil, então só deixávamos gorjeta quando tínhamos sido bem atendidos, o que aconteceu em todos os restaurantes que eu citei. As informações referem-se à nossa viagem realizada em março de 2013.

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