A vida em Trinidad

Depois do meu primeiro post sobre Trinidad, acho que meu amor pela cidade ficou bem claro. Vocês já devem saber que eu não resisto a cidades históricas, mas não é só arquitetura antiga que me encanta nesses lugares. Minha paixão fica maior se posso fazer tudo a pé e se as pessoas da cidade são simpáticas. Tudo isso e mais um pouco eu encontrei em Trinidad, mas o que me fez criar uma conexão ainda mais forte com a cidade foi perceber que ela é uma cidade viva. Apesar do número de turistas cada dia maior, foi fácil perceber que a vida em Trinidad ainda mantém muito de sua originalidade.

Vida em Trinidad

A vida em Trinidad

Tenho que confessar que muitas cidades históricas pelas quais já me apaixonei tem um quê de cenográficas. São aqueles centros históricos impecáveis que ficam lotados de turistas durante o dia, mas geralmente desertos à noite. Ninguém sentado nas calçadas, nada de crianças nas ruas ou barulho de televisão. Foi o que vi, por exemplo, nas minhas queridas Colonia del Sacramento, Tallinn e Óbidos.

Centro de Trinidad

Trinidad

Isso costuma acontecer quando partes das cidades são revitalizadas para atrair turistas e os preços sobem tanto que a população original é obrigada a migrar para outras áreas. É a chamada gentrificação, assunto que o pessoal do 360meridianos já abordou algumas vezes. Tenho certeza de que isso já acontece em Cuba, em maior escala em Havana, mas também nas cidades turísticas do interior. Com a gradual abertura do país, esse problema tende a se intensificar, por isso fiquei feliz ao sentir que o estilo de vida em Trinidad ainda não foi totalmente afetado pelo turismo.

Trinidad

Trinidad

Não me entendam mal, eu não estou dizendo que o turismo crescente não está afetando Trinidad. Afeta e muito! A economia cubana está se abrindo lentamente e uma das cidades que mais está aproveitando esse momento é Trinidad. O Guia Lonely Planet que levei dizia que em janeiro de 2011 havia 3 restaurantes privados em Trinidad e que em meados de 2015 existiam mais de 90! Do jeito que as coisas estão mudando em Cuba, aposto que esse número já está desatualizado.

A vida em Trinidad

Crianças brincando em Trinidad

Famby, o dono da nossa casa particular em Trinidad, disse que lá o empreendedorismo chegou com mais força que no resto de Cuba. Quase toda casa em Trinidad hoje tem o símbolo de hospedagem, além da quase centena de restaurantes que já mencionei, mas ainda assim ela não parece uma cidade apenas turística. Nas ruas, os turistas de misturam aos trinitários deixando o astral da cidade mais interessante.

A vida em Trinidad

A vida em Trinidad

Por mais que quase todos estejam em busca dos pesos conversíveis dos turistas, o ritmo de vida em Trinidad ainda permite que vizinhos se sentem para conversar na porta de casa, coisa que por aqui eu quase não vejo mais. À noite as portas das casas ficavam abertas e bastava esticar o pescoço para ver que as famílias estavam reunidas nas salas assistindo à novela brasileira da vez.

A vida em Trinidad

A vida em Trinidad

Esse estilo de vida que remete a outro tempo não é exclusividade de Trinidad. Eu conheci poucas cidades, mas imagino que por toda Cuba a gente possa ver crianças brincando na rua, vizinhos conversando na porta de casa, praças repletas de gente. Foi por se preparar cada vez mais para o turismo e ainda conseguir manter esse estilo de vida que Trinidad me encantou. Espero que ela seja cada vez mais reconhecida pelo seu potencial turístico, mas que consiga manter sua essência. Torço para que a vida em Trinidad continue sendo bonita de se ver.

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