Foi ainda no planejamento da viagem, naquela época em que a gente está descobrindo o que quer conhecer no país antes de saber se vai caber no roteiro. Não sei onde vi uma foto daquela cidadezinha charmosa emoldurada pela Cordilheira do Cáucaso. Parecia até montagem, mas pesquisei um pouco mais e vi que todo turista que passava por lá tirava a mesma foto. Era real. O nome dela Sighnaghi. Foi paixão à primeira vista!
Meu plano inicial era conhecer Sighnaghi a caminho do Azerbaijão, mas a viagem acabou tendo que se resumir a Geórgia e Armênia. Nem por isso Sighnaghi precisou ficar de fora! Ela fica a uma curta distância de Tbilisi, na região de Kakheti. São pouco mais de 100 quilômetros e é até possível visitá-la num bate e volta, mas se você tiver a chance de passar uma noite na cidade eu recomendo que o faça. Nem é porque ela fica especialmente atraente à noite, é só mesmo para ter tempo de aproveitá-la com calma.
Sighnaghi é uma cidade histórica georgiana muito bem conservada. As casas do século XVIII colorem suas ruas e são uma bela amostra da arquitetura típica georgiana. Sua fundação ocorreu por ordem do rei Heráclio II, que ali ergueu uma fortaleza para defender a região de tribos de saqueadores do Daguestão. O muro ainda está de pé e é uma das atrações turísticas da cidade. Ao todo ele tem mais de 4 quilômetros, 23 torres e 6 portais de acesso. Nós não o percorremos inteiro, mas sempre que o encontrávamos ele nos descortinava lindas paisagens.
A cidade é pequena, tem menos de 3 mil habitantes, então não é preciso mapa ou roteiro para se locomover por lá. Nós até demos uma olhada no guia para descobrir se havia algo imperdível, e daqui a pouco eu conto qual atração eu acho que se encaixa nesse critério, mas na cidade mesmo andamos a esmo. Há um Museu Etnográfico que parece interessante, mas nós não o visitamos. E os apaixonados por vinho parecem gostar muito do Pheasant’s Tears, um mistura de restaurante e vinícola, mas que também não conhecemos. Ah! Preciso dizer que Sighnaghi fica na região de Kakheti, uma das grandes e mais conceituadas produtoras de vinho da Geórgia, caso você se interesse.
Acho que é fácil entender porque não estávamos interessados em visitar atrações fechadas, né? Com um cenário desses, como abrir mão de ficar ao ar livre? Minha vontade era ficar parada num mesmo lugar vendo a mudança das cores à medida em que o sol ia descendo. E ao fundo as Montanhas do Cáucaso fazendo a divisa com o Azerbaijão e com a Rússia. Que espetáculo! Sighnaghi tem uma localização privilegiada.
Mas aquela vista de Sighnaghi emoldurada pela Cordilheira do Cáucaso que me fez querer ir até lá a gente só tem um pouco antes de entrar na cidade. Na chegada nós tivemos um gostinho rápido, mas foi depois, andando rumo à tal atração imperdível, que pudemos contemplá-la com calma. Acho que não foi uma decisão equivocada incluir a cidade no meu roteiro depois de ver essa imagem.
MOSTEIRO DE BODBE
Nós pudemos apreciar bem a paisagem quando estávamos indo rumo ao Mosteiro de Bodbe, cujo nome completo é Mosteiro de Santa Nino em Bodbe. Ele fica a cerca de 2 quilômetros do centro de Sighnaghi e é perfeitamente chegar até lá a pé, como fizemos. A caminhada só é um pouco chata porque temos que andar na beira da estrada, mas como ela estava vazia não chegou a ser perigoso. Se preferir, você pode pegar um táxi e pedir para ele parar em algum (ou alguns) dos mirantes no caminho.
O Mosteiro de Bodbe é um dos maiores destinos de peregrinação na Geórgia. No século IV a Rainha Mirian III construiu ali uma pequena igreja sobre o túmulo de Santa Nino, a missionária responsável pela conversão do país ao cristianismo. Nos séculos seguintes o local foi diversas vezes reformado, reconstruída até resultar no complexo que hoje abriga o mosteiro.
O local tem uma ótima estrutura. Na entrada há um restaurante, bebedores de água e bons banheiros. Fiquei positivamente surpresa.
O Mosteiro de Bodbe está situado em meio a ciprestes que por vezes até acobertam as construções. Passear por suas igrejas e jardins é um passeio super gostoso. Talvez o local fique apinhado em janeiro, época de grande peregrinação, mas no dia em que estivemos lá estava super tranquilo.
Mas quem, como nós, não vai até lá por motivos religiosos, o Mosteiro de Bodbe também pode ser emocionante. Bastou andar até os fundos do terreno para eu ficar boquiaberta. Lá estavam o Vale do Rio Alazani e as Montanhas do Caucáso. Que lugar lindo! Mais uma vez tive certeza de que valeu a pena ter incluído Sighnaghi no nosso roteiro. Que mágico estar ali, ao lado daquelas montanhas, num lugar que agora, sentada no meu apartamento em Belo Horizonte, me parece tão distante e inacessível. Foi um momento especial da viagem.
Hospedagem em Sighnaghi: Kabadoni Boutique Hotel
Em geral a hospedagem na Geórgia é barata e até por isso nos demos ao luxo de desembolsar um pouco mais em Sighnaghi, já nos últimos dias de viagem. Escolhemos o Kabadoni Boutique Hotel, um hotel 5 estrelas no centro histórico da cidade. Confesso que nos sentimos meio destoantes chegando lá com nossos tênis surrados e mochilinhas a tira-colo, mas a sensação passou logo. Fomos bem recebidos e logo estávamos no nosso quarto, super espaçoso e confortável. O café da manhã também era muito bom, gostoso e variado e servido num restaurante lindo. A única parte ruim foi ter passado apenas uma noite no hotel.
Para não dizer que foi tudo perfeito, a internet não funcionava bem, era instável e lenta, mas uma desconexão forçada no meio da viagem até que faz bem, né? (Já viram meu post sobre O prazer de se desconectar nas viagens?)
Estivemos lá em abril, não era alta temporada e talvez por isso tenhamos pago um preço razoável pela estadia: 328 lari, na época pouco mais de 100 dólares. Valeu o investimento para encerramos nossa viagem com chave de ouro.
COMO CHEGAR A SIGHNAGHI
Fomos para Sighnaghi a partir de Tbilisi. Apenas 110 km separam as duas cidades . A região é plana e a estrada era vazia, então foi uma viagem bem tranquila. Pegamos a van no terminal ao lado do metrô Samgori, em Tbilisi. Ela saiu pontualmente, às 11h, e a viagem durou uma hora e meia.
Voltamos para Tbilisi também de van e novamente foi tudo tranquilo. Descemos na estação de metrô Samgori, mas a van parou também na estação Isani, mais perto do centro da cidade.
Para mais detalhes sobre esse e outros deslocamentos, veja meu post sobre Transporte na Geórgia e na Armênia.
Veja todos os posts da nossa viagem à Geórgia no Viaggiando.
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Que cenário de filme! Nunca tinha ouvido falar dessa cidade, mas já fiquei curiosa para conhecer. Pois adoro esses cantinhos mais exóticos.
É só uma das cidades lindas da Geórgia. Ainda não escrevi por Tbilisi porque amei tanto que não consigo, sabe? Sem contar que vai ser difícil selecionar as fotos. Ô cidade maravilhosa!
Nossa, linda mesmo. Já tô doida para ir para Geórgia, e você ainda posta essas fotos, hahaha
Agora rola, hein? Tem voo de Roma direto pra Tbilisi!
Não me tenta, hahahaha.
Em janeiro vou para o Marrocos, tô pensando em ir à Geórgia no verão, ficar um tempo por lá comendo Khatchapuri.
A Geórgia no verão deve ser maravilhosa! Ainda quero voltar lá em outra época.