198 Livros: Panamá – Vida que olvida

198 Livros - PanamáDemorei a encontrar um livro do Panamá para ler. Estive no país em 2015, numa longa escala na volta de Cuba, e  na livraria do aeroporto tentei comprar uma obra de um autor local, mas sem sucesso. O tempo passou e já não lembro como foi que me deparei com Vida que olvida, do escritor Justo Arroyo. Fiquei me perguntando como não o descobri antes. Mais difícil ainda é explicar porque demorei tanto a falar dele.

Vida que olvida é uma saga familiar que traz como pano de fundo a história do país. Ela começa em 1885, “quando o Panamá era um departamento da Colômbia e o Istmo participava das costumeiras guerras entre liberais e conservadores”. Somos apresentados ao casal Antonia e Pedro Regalado. Ele é um advogado bogotano loiro de olhos azuis e ela uma linda negra cartagena que busca uma vida melhor em Bogotá. Após o casamento eles se mudam para Colón, fugindo das guerras civis na Colômbia e da intolerância com que a união deles era recebida. Com a notícia de que os franceses ali construíram um canal, o Panamá representa o futuro.

Dez anos depois nasce Martina, a primeira filha do casal. Na Colômbia outra guerra civil se inicia e no Panamá os movimentos de independência se intensificam. O século se aproxima do fim marcado por muitos conflitos e pelo fracasso do projeto de integração de Simón Bolívar. No Panamá, o canal francês é abandonado e surgem os Estados Unidos  parecendo querer dominar o mundo.

Vida que olvida - Justo ArroyoEm 1903 o Panamá declara sua independência da Colômbia. Pedro sofre ao saber que seu país está se desintegrando e pensa em voltar, mas Antonia encontrou em Colón a sensação de pertencimento que ela procurava. E assim vamos acompanhando os fatos históricos ao mesmo tempo em que acompanhamos a vida da família Regalado. E no fim das contas não é assim que a história realmente acontece, na casa de cada um de nós?

Não é possível resumir Vida que olvida em poucos parágrafos.  E nem é essa minha intenção. Tanta coisa acontece, no país e na vida daquela família! Política, nacionalismo, identidade nacional, independência, racismo, Canal do Panamá, intervenção estadunidense, colonização, relacionamentos, violência doméstica, América Latina… É um livro denso, com muita informação, mas não é pesado. Pelo contrário, a leitura é fluida e nos prende do início ao fim.

Agora entendo minha demora para falar de Vida que olvida. Às vezes isso acontece quando gosto muito de um livro. Fico querendo transmitir tudo de bom que aquele leitura me trouxe e meio que empaco. Então desisti de escrever o post perfeito. Espero que o pouco que escrevi sirva para despertar o interesse de vocês pelo livro. Especialmente se você gosta de literatura latino-americana ou se está com uma viagem marcada para o Panamá.

Vida que olvida foi publicado originalmente em espanhol, em 2002, pela Alfaguara espanhola. A versão digital foi publicada em 2016 pela Debolsillo.

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6 Comments

  1. Acho que a história do Panamá é bem marcante. Também gostei muito do que escolhi Negra Pesadilla Roja, de Mario Augusto Rodriguez. Que bom que voltaram os posts. Vamos dar um gás nesse projeto Camila? Estou querendo dar uma adiantada.

  2. Estava com saudades dos posts! 😊

  3. Fiquei com muita vontade de ler!! Resenha perfeita!!

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