Conexão no Panamá – sem compras e bem aproveitada

Eu sou adepta do slow travel. Em geral não gosto de passar correndo pelas cidades, mas às vezes a logística da viagem torna algumas paradas ao longo do caminho tentadoras demais para serem evitadas. Foi o que aconteceu quando fomos a Cuba. Escolhemos a Copa Airlines por ser uma das poucas empresas com voo internacional a partir de Belo Horizonte e, já que teríamos que fazer uma conexão no Panamá, por que não espichar um pouco nosso tempo por lá?

Conexão no Panamá

Conseguimos programar o voo de volta de forma que tivéssemos bastante tempo para aproveitar a conexão. Saímos de Havana bem cedinho e chegamos à Cidade do Panamá às 10h. Nosso voo de volta ao Brasil só sairia às 21h30, então tínhamos quase 12 horas de espera. Era tempo suficiente para fazer o passeio que desejávamos.

Conexão no Panamá

Depois de comprar as passagens, faltava decidir como faríamos o city tour. A forma mais prática e que nos permite otimizar melhor o tempo disponível é contratar um motorista particular. Por um preço previamente estabelecido esse motorista nos espera no aeroporto, nos leva aos lugares que escolhermos e nos deixa de volta no aeroporto no horário combinado. Os preços costumam depender do número de pessoas e do tempo do passeio contratado.

Cheguei a entrar em contato com alguns guias brasileiros que trabalham na Cidade do Panamá, mas achei os valores dos passeios muito caros. Eu já estava me arrependendo de ter planejado essa conexão quando entrei em contato com o Sr. Orville, um motorista indicado pelo Rodrigo, do blog Aquela Passagem, e pela Anna Bárbara, do blog Nós no Mundo. Aí sim o plano ficou viável! Ele nos cobraria 80 dólares pelo passeio das 10h às 17h. No desembarque do aeroporto ele estava nos esperando e tudo saiu conforme o planejado.

Táxi na Cidade do Panamá

Muita gente gosta de aproveitar a conexão no Panamá para fazer compras, mas eu deixei claro para o Sr. Orville que não queríamos incluir nenhum shopping no passeio. Eu disse que apenas fazíamos questão de conhecer o Canal do Panamá e o Casco Viejo e o resto da programação ficou por conta dele.

No caminho para a primeira atração já começamos a conhecer um pouco da Cidade do Panamá pela janela do carro. Lá estavam os prédios modernos que fazem parte da paisagem conhecida da cidade.

Cidade do Panamá

Cidade do Panamá

CANAL DO PANAMÁ

O trânsito na Cidade do Panamá é famoso, mas nós estivemos lá num sábado no meio de um feriadão e a cidade estava bem vazia. Rapidinho chegamos à nossa primeira parada: o Canal do Panamá. Não dava para passar pela cidade sem conhecer seu maior ponto turístico, a obra de engenharia que faz com que quase qualquer pessoa consiga apontar o Panamá no mapa.

O Sr. Orville nos deixou na porta e marcou a hora de encontro na saída. Ele sabia direitinho de quanto tempo precisaríamos para conhecer tudo com calma. Acho que foram cerca de duas horas.

Canal do Panamá

O Canal do Panamá tem três eclusas: duas do lado do Oceano Pacífico (Miraflores e Pedro Miguel) e uma no Atlântico (Gatún). A Eclusa de Miraflores é a que fica mais perto da Cidade do Panamá e por isso ela é a mais visitada pelos turistas. Foi lá que estivemos.

Eu não sabia muita coisa além do Canal do Panamá além de que ele era uma das maiores obras de engenharia do mundo e que tinha revolucionado o transporte marítimo ao criar uma nova rota de ligação entre os Oceanos Atlântico e Pacífico no início do século passado. E era só. Ainda bem que a visita à eclusa de Miraflores nos permite descobrir muito mais do que isso.

Compramos nossas entradas (15 dólares, em novembro de 2015) e já fomos direcionados para uma sala onde foi exibido um filme em 3D contando a história do Canal do Panamá. Há exibições em inglês e espanhol em horários alternados. O vídeo foi rápido e bem informativo e logo seguimos para o museu.

O museu é moderno e bem interativo. A gente foi subindo os andares e conhecendo diferentes aspectos do Canal do Panamá e da região que o abriga.

Museu do Canal do Panamá

No último andar chegamos à parte mais esperada: o Canal de Panamá de verdade! Lá Estava a eclusa de Miraflores dando vida a tudo que tínhamos acabado de aprender. Mas nós demos o azar de não presenciar a passagem de nenhum navio… Só vimos a água subindo e descendo na eclusa pelos vídeos no museu mesmo. Só depois descobri que o trânsito de navios em Miraflores acontece até as 10h da manhã e após as 15:40. Com os horários dos nossos voos seria difícil estar lá nesses horários.

Canal do Panamá - Eclusa de Miraflores

Canal do Panamá - Eclusa de Miraflores

Canal do Panamá - Eclusa de Miraflores

Apesar de não ter sido uma experiência completa, por não termos visto a passagem de um navio, foi uma visita bem legal que com certeza já fez valer a pena nossa conexão no Panamá. Além de ter aprendido muitos detalhes da obra em si, adorei saber mais da história do Panamá, sobre a relação dos Estados Unidos com o país.

A França começou a construir do Panamá em 1802, mas em 1904 os Estados Unidos assumiram a obra e a concluíram em 1914. Os americanos então ficaram com o controle da Zona do Canal do Panamá. Somente em 1999 o Panamá assumiu o controle do Canal do Panamá, após décadas de negociações. Sobre a questão do controle do canal confesso que eu vi muito mais foi num documentário no voo da Copa Airlines, bem como sobre a ampliação do Canal do Panamá, inaugurada em junho de 2016.

Para informações sobre preços e horários atualizados, visite o site do Canal do Panamá.

AMADOR CAUSEWAY

Após a visita ao Canal do Panamá o Sr. Orville nos levou para conhecer a Calzada de Amador, ou Amador Causeway, como é mais conhecida. Ela foi construída em 1913 com rochas retiradas do Canal do Panamá durante sua construção. A Amador Causeway é uma longa avenida que liga a Cidade do Panamá a quatro ilhas. Ela fazia parte de um conjunto militar americano que protegia a entrada do Canal do Panamá, mas hoje é uma área turística. Se tivéssemos mais tempo na cidade adoraria dar uma volta de bicicleta por lá e aproveitar melhor o calçadão.

Amador Causeway,

Almoçamos no restaurante Mi Ranchito, que fica na Isla Naos, uma das ilhas conectadas pela Amador Causeway. Era um restaurante de comidas típicas legal, o problema é que não tinha nenhum prato vegetariano. Tive que me contentar em comer salada.

Após o almoço o Sr. Orville andou mais um pouquinho e parou na Isla Flamenco. Eu já ia reclamar, estávamos no estacionamento de um shopping, o Amador Duty Free. Eu tinha falado pra ele que não queria saber de compras! Mas logo que descemos do carro tudo se esclareceu. Não estávamos ali para fazer compras, a grande atração daquele lugar era a paisagem! De lá tínhamos uma vista fantástica da cidade e dos navios que se preparavam para cruzar o Canal do Panamá. Adorei essa atração não planejada no nosso roteiro!

Cidade do Panamá - Vista da Isla Flamenco

Cidade do Panamá - Vista da Isla Flamenco

Cidade do Panamá - Vista da Isla Flamenco

Cidade do Panamá - Vista da Isla Flamenco

Isla Flamenco

Cidade do Panamá - Vista da Isla Flamenco

O CASCO VIEJO DA CIDADE DO PANAMÁ

Chegou então a vez do local que eu mais esperava: o Casco Viejo! Centros históricos são minha perdição e eu estava doida para conhecer o da Cidade do Panamá. O fato do Casco Viejo ser Patrimônio da Unesco já aguçava minha curiosidade. Começamos a avistá-lo de longe e a paisagem prometia!

Casco Viejo da Cidade do Panamá

Começamos nosso passeio pela praça Plaza de la Independencia. O Sr. Orville estacionou o carro por ali e nos deu algumas direções para que nos deslocássemos a pé. A praça também é conhecida como Plaza Catedral, justamente por ser onde fica a Catedral Metropolitana do Panamá, construída no século XVIII. Diversos outros prédios históricos circundam as praças, todos restaurados e com cara de novos.

Catedral Metropolitana do Panamá

Plaza de la Independencia

Plaza de la Independencia

Não muito longe dali, visitamos a Iglesia de San José, cujo altar revestido de folhas de ouro é a grande atração. Dizem as lendas que o Altar de Oro sobreviveu ao saque de piratas no século XVII porque foi disfarçado, pintado de preto para esconder seu real valor. Os vitrais da igreja também são lindos.

Iglesia de San José

Iglesia de San JoséIglesia de San José

O que não sabíamos antes de chegar lá é que estaríamos na Cidade do Panamá no meio de um feriadão, entre os dias 05/11 (Dían de Colón) e 10/11 (Primer Grito de Independencia). A cidade estava bem vazia. Era por isso que o trânsito estava tão bom! O que não entendi é porque havia tantos turistas no Canal do Panamá e praticamente nenhum no centro histórico. O Casco Viejo estava praticamente deserto!

Casco Viejo da Cidade do Panamá

Casco Viejo da Cidade do Panamá

Casco Viejo da Cidade do Panamá

Casco Viejo da Cidade do Panamá

Como apaixonada por prédios históricos que sou, achei lindas as construções, as cores, os estilos. Se eu tivesse que definir a maior parte do Casco Viejo, a palavra que eu usaria seria impecável, mas ainda assim ele não me encantou. Faltava vida no centro histórico! Talvez essa impressão seja fruto do momento em que estive lá. Como eu disse, era feriado, as ruas estavam vazias. Não havia muitos turistas e provavelmente nem todo o comércio estava aberto. Tive a sensação de estar passeando por um cenário. Se você esteve lá em um dia de mais movimento, me conta aí nos comentários se sua impressão foi outra?

Casco Viejo da Cidade do Panamá

Casco Viejo da Cidade do Panamá

Casco Viejo da Cidade do Panamá

Fiquei até feliz quando chegamos a ruas menos perfeitas, quando vimos ruínas, prédios com sinais de desgaste, uma intervenção aqui e ali, casas visivelmente habitadas. Essas casas são cada vez mais raras, mas nos distanciando um pouquinho do miolo do centro histórico encontramos algumas.

Casco Viejo da Cidade do Panamá

Casco Viejo da Cidade do Panamá
Casco Viejo da Cidade do PanamáCasco Viejo da Cidade do Panamá

Por outro lado, havia muitos prédios literalmente caindo aos pedaços. Quando vistos ao lado dos restaurados, o contraste ficava ainda mais evidente. Fiquei imaginando como estava o Casco Viejo há algumas décadas. A renovação começou mais ou menos na época do reconhecimento da área como Patrimônio Mundial pela Unesco, em 1997. Junto com a restauração e revitalização de áreas históricas, costuma vir uma grande valorização imobiliária. Os imóveis vão sendo então ocupados por hotéis, restaurantes e pessoas com maior poder aquisitivo. É a chamada gentrificação. Com certeza o centro histórico da Cidade do Panamá não ficou imune a esse processo.

Casco Viejo da Cidade do Panamá

Casco Viejo da Cidade do Panamá

Casco Viejo da Cidade do Panamá

Para finalizar nosso passeio pelo Casco Viejo, andamos até uma área de onde tínhamos mais uma excelente vista da parte mais da Cidade do Panamá, dessa vez emoldurados pela Cinta Costera.

Cidade do Panamá

Cidade do Panamá

Cidade do Panamá

Cidade do Panamá

Antes de voltarmos para o aeroporto, o Sr. Orville ainda nos levou para ver de perto um desses bairros modernos, lotados de arranha-céus como os que até então tínhamos avistado apenas de longe. De perto eles eram ainda mais impressionantes. Para enxergar o topo dos prédios tínhamos que dobrar bastante o pescoço!

Cidade do Panamá

Cidade do PanamáCidade do Panamá

Cidade do Panamá

Por volta das 17h estávamos de volta ao aeroporto. Nossa conexão no Panamá foi ainda mais tranquila do que eu esperava. O trânsito não foi problema, já que, além de ser sábado, era um feriadão. E o calor que me assustava também não apareceu: o dia estava nublado e fresquinho. Felizmente não choveu, então nada atrapalhou nosso passeio.

A escolha do motorista também foi super acertada. O Sr. Orville tornou nossa rápida passagem muito mais interessante. Contratar um motorista brasileiro poderia ser mais cômodo por causa da língua, mas com meu espanhol básico eu consegui me comunicar tranquilamente com o Sr. Orville. Ele é um senhor muito culto e foi muito bom conversar com ele. A visão de um panamenho sobre o país com certeza deixou nossa visita mais rica. O carro do Sr. Orville era antigo, mas em bom estado e o ar-condicionado funcionou perfeitamente. Não tenho nada a reclamar do serviço dele, pelo contrário, só tenho elogios. O e-mail para contato é kellyorvill@yahoo.com

6 Comments

  1. Pingback: 198 Livros: Panamá - Vida que olvida | Viaggiando

  2. Adorei o post, não sei quase nada do Panamá, quando comprei minha passagem para NY já estava triste ao saber que “perderia” 12 horas no aeroporto. Aí que comecei a buscar o que fazer nesse tempo.
    Ainda bem que não fiz minha viagem, já vou entrar em contato com Sr. Orville. Pq estou indo sozinha quem sabe combino algo com ele….

  3. Lindo post Camila, as fotos estão maravilhosas!

    • Camila Navarro

      Você também aproveitou uma conexão para conhecer a Cidade do Panamá, não foi Ana? O centro histórico estava um pouquinho mais movimentado?

      • Foi Camila, nós fizemos um pouco mais que uma conexão, dormimos lá uma noite, para aproveitar melhor. Realmente o centro estava bem movimentado. Também demos sorte de pegar vários navios fazendo a travessia, é impressionante! Mas o Panamá, tem muito mais, meu sobrinho passou lua de mel em Bocas del Toro, é lindo!

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