198 Livros: Equador – Rinha de Galos

198 Livros - EquadorDepois de muito pesquisar livros do Equador, eu tinha o nome de duas escritoras em mente: María Fernanda Ampuero e Mónica Ojeda. Na época, nenhuma das duas tinha sido publicada por aqui e eu já tinha decidido comprar um livro da María Fernanda em espanhol quando a Editora Moinhos lançou Rinha de Galos. Há poucos meses a Autêntica Contemporânea trouxe também o Mandíbula, da Mónica Ojeda, então a oferta de literatura equatoriana no Brasil aumentou consideravelmente no último ano.

Rinha de Galos é uma coletânea de 13 contos que têm em comum o tema da violência fruto de uma sociedade extremamente machista e desigual. As histórias em geral trazem a perspectiva das mulheres e são elas que sofrem as violências perpetradas por homens, muitas vezes parte da família. A maioria das personagens são meninas ou mulheres lembrando de suas infâncias ou adolescências e de episódios que simbolizam a transição para a vida adulta. Os contos são extremamente incômodos e às vezes recursos escatológicos são usados e reforçam a crueza das situações narradas.

Rinha de Galos - Maria Fernanda AmpueroConfesso que para mim não foi uma leitura fácil. O texto em si é tranquilo e bem construido, mas acompanhar tanta violência foi pesado. O pior é saber que não se trata de mera ficção, pois nós mulheres somos vítimas de medo e de abusos a vida toda. Talvez por isso mesmo seja tão difícil para mim acompanhar essas histórias.

Percebo que María Fernanda Ampuero faz parte de uma geração atual de escritoras latino-americanas, na qual se incluem  sua conterrânea Mónica Ojeda, a brasileira Ana Paula Maia e a argentina Mariana Enriquez, que trazem o horror e a brutalidade para a literatura. No caso de Rinha de Galos não há nada fantástico. Todas as situações são muito reais e isso é o mais aterrorizante. Eu até hoje não sei dizer se gostei ou não do livro, mas uma coisa é certa: alguns contos ficarão comigo por muito tempo.

Rinha de Galos foi publicado originalmente em espanhol, em 2018, e no Brasil em 2011, pela Editora Moinhos. A tradução é de Silvia Massimini Félix.

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